17.7.06

A (i)lógica sindical...

Quando os sindicatos incentivam, através dos delegados que os representam, os trabalhadores a agirem através de formas de luta lesivas dos seus interesses, podemos e devemos questionar o papel dos sindicatos e quais os verdadeiros interesses que os movem.

Se perante o encerramento eminente de uma fábrica, os sindicatos reagem levando a paralizações totais do processo produtivo pergunta-se: qual o objectivo em mente ?
Se o objectivo passa por chamar a atenção do patronato, então a acção desencadeia a ira e a redução das margens negociais e de boa vontade.
Se o objectivo é a retaliação, as posições estremam-se ainda mais, facilitando o fim do diálogo.

Para que a acção sindical pudesse ser positiva e merecedora de encómios, necessário se tornaria que os trabalhadores sindicalizados, mais do que tomada de consciência de classe, fossem capazes de discernir claramente entre conjuntura e os seus próprios interesses, tornando os delegados sindicais em correias transmissoras da vontade dos sindicalizados.
Assim não sendo, os sindicatos tranformam-se, com enorme facilidade, em órgãos de instrumentalização dos trabalhadores e os delegados nas suas consciências, deixando na mão de meia dúzia o destino de muitos milhares.

E, se um dia, os sindicatos de vários países constituirem pactos de entendimento, com redistribuição de riqueza entre eles, tornando-se em enormes máquinas de poder e decisão ?
Com saberemos, nesse dia, quais os interesses que estarão a ser defendidos ?
União ? União Europeia ? Porque não: União Para o Entendimento dos Sindicatos da União Europeia ? Estranho, sem dúvida, mas plausível, na lógica do enriquecimento de uns e da crescente pobreza dos outros; na lógica das conotações políticas, das famílias políticas, dos interesses políticos e projectos pessoais de poder.

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