29.6.06

A velha questão da eficiência...

Na RTP 1, a propósito da greve/manifestação dos trabalhadores da OPEL-Azambuja, Francisco Louçã (um palhaço mais da política portuguesa) afirmou que, nos últimos 5 anos, 58 multinacionais abandonaram o País.
A par desta afirmação, que não validei e que me limito a transcrever (mas acreditando que até possa pecar por escassa) Jerónimo de Sousa afirmava, a propósito do mesmo acontecimento, que a multinacional tinha de sentir os custos dos seus actos (não sair impune).
Por estas e outras personalidades políticas, em todos os quadrantes, e respectivos discursos propagandistas ocos de conteúdo é que se verifica, em Portugal, uma debandada de capitais (quer nacionais, quer estrangeiros) sem a necessária e urgente substituição/renovação.
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Porque há projectos que chegam ao fim e não justificam a sua continuidade à luz de princípios económicos e financeiros. Mas também os há que podem ver a sua vida prolongada ou, melhor ainda, substituídos por outros que representem um avanço significativo ao nível tecnológico. Porque esse avanço representa uma crescente melhoria na mão-de-obra disponível, ou seja, uma maior qualificação dos quadros, em todos os quadrantes.
Porque não basta dar diplomas mas, acima de tudo, disponibilizar formação, chame-se ela como se chamar - 4ª classe; 9º ano; 12º ano.
Que interessa ao empregador que um funcionário apresente um diploma da 4ª classe ou do 12º ano, se os conhecimentos e preparação do primeiro forem superiores ao do segundo ?
Esta coisa da classificação das qualificações só interessa à corrida da formação, ao nível comparativo das estatísiticas entre países, sem preocupação de construção de riqueza.
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Porque existe uma coisa chamada Geografia Económica que se baseia em dois princípios:
1) endogenização da aglomeração, ou seja, distribuição espacial da actividade económica e;
2)aproximação do equilíbrio geral, baseado nos princípios económicos comummente aceites.
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Estes princípios, para gerarem um bom cozido precisam de dois ingredientes básicos:
1) incremento das economias de escala - internas e, principalmente, externas (spillovers) e;
2) custos de transporte.
Isoladamente nenhum dos ingredientes tem valôr.
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Do ponto de vista empírico o que é que podemos ler nas entrelinhas ?
O bolo formado pelos ordenados acrescido da produtividade provoca o crescimento industrial e; onde estão as externalidades ? Onde foi criado o espaço económico ?
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O terreno que pisamos é comum no que concerne 1) à análise das economias de escala internas; 2) economias de escala externas e; as externalidades (spillovers) que conduzem a 2).
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Portugal vai ser trocado por Espanha. Não é por um qualquer país onde o trabalho é pago às taças de arroz. É por Espanha, onde o salário médio é 3,3 vezes o português e onde o salário mínimo é 1,8 vezes o português.
O binómio salários/produtividade é que faz a diferença, a favor dos espanhois. E, igualmente as externalidades (conjunto de serviços oferecidos por empresas terceiras a um mesmo sector de actividade) que são muiot superiores.
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Porque não basta ter Cacia, Azambuja e Palmela se a oferta de serviços e de produção para o fornecimento de componentes não se tiver desenvolvido um milímetro em anos.
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A maioria das empresas satélites da Auto-Europa já fecharam e, as que se mantêm abertas, não são de capitais nacionais (excepção a uma fábriqueta de estrados de madeira). Todas elas fecham no dia em que a Auto-Europa fechar (porque o investimento está integralmente amortizado e, também, porque não se justifica a sua continuidade - fornecer quem ? ).
Por outras palavras falhou, redondamente, o cluster automóvel.
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E a culpa é de quem ? Minha ? Sua ?
Não!!!!! De toda a medíocre classe política que se apropriou deste País, a começar por Francisco Louçã e todo o PCP (do pulha do Cunhal até Jerónimo de Sousa) até aos medíocres líderes políticos que conduzem, de Estrasburgo, a oposição do País.

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