23.10.05

As frouxas e irrelevantes presidenciais que se aproximam

As eleições presidenciais têm servido para premiar (o quê já lá vamos) os serviços (não importa se bons se maus) políticos prestados ao País. O presidente eleito é-o, não pela relevância da personalidade e sua importância política, mas pelo que fez (ou não fez; ou desfez) no passado.
É um prémio de carreira com reforma dourada.

Ramalho Eanes foi-o, supostamente pela importância no 25 de Novembro, substituindo-se na importância da operacionalidade militar naquele dia a Jaime Neves e, também porque ele próprio, Eanes, apadrinhou o documento dos nove, cuja face foi Melo Antunes, documento que servíu para salvar mais do que a face do PCP. Foi presidente sem merecer. Nada fez emquanto foi presidente.

Mário Soares foi presidente por ser a face da democracia portuguesa, por ter sido Primeiro -Ministro. A face da democracia, o antifascista, que viveu no exílio dourado, em Paris, financiado pelas posses de família, bem como por grupos económicos nacionais que estavam, e estão hoje, operacionais em Portugal. Exílio de champanhe e caviar, de um dissidente do PCP, cuja ambição política o levou a fundar um partido, sem espaço que estava no interior do PCP pela personalidade de Cunhal e pelos tiques burgueses que ostentava, insustentáveis e insuportáveis no interiro de um partido como o PCP.

Jorge Sampaio foi presidente por ter sido presidente da CM de Lisboa, líder do PS, mas sobretudo por ter sido um contestatário em 1968, identificado pela polícia política e ter, posteriormente, a sorte dos tempos do seu lado: estar no sítio certo , na hora certa, num partido sem saídas políticas para o desempenho do lugar como ainda hoje continua a não as ter (Soares aparece hoje, não podia aparecer há dez anos, porque tinha acabado de cumprir outros dez na mesma função).

Hoje temos Cavaco Silva e Soares que não trazem nada de novo. Temos a mesma história: Cavaco quer ser premiado por oito anos de governação, pela sua vaidade e também porque a Maria quer ser a primeira dama, e assumir um lugar que é uma aspiração antiga; Soares quer ser presidente por vaidade, falta de discernimento e ausência de soluções no PS.
Mas nada muda. Tudo é e ficará igual.
Todos eles contribuíram para o estado calamitoso em que Portugal se encontra. Nenhum deles se pode descartar de responsabilidades, porque activamente contribuíram para a tomada de decisões que a médio prazo se mostram dramáticas e a longo prazo se msotrarão catastróficas.

Nenhum deles serve. Nem qualquer dos outros candidatos.

Estas eleições presidenciais vão ser uma desilusão para o eleitor. Ou não vota, ou vota nulo ou no mal menor.

Gostava de ter visto um militar a concorrer às eleições. Gostava de assistir aos debates, às discussões públicas, aos conteúdos políticos de um lado e o conteúdo operacional do outro, na análise da situação actual e perspectivas futuras do País.
Gostava de ter um candidato mais à direita, com outro discurso, do que aqueles que se apresentam com discursos idênticos, disputando o mesmo espectro político.
Estas eleições não mobilizam nem intelectual nem políticamente. Só mesmo quem ainda viva as cores partidárias, como aqueles que vivem as cores dos clubes de futebol sem saberem porquê, se irão interessar pelas eleições; mas são poucos, muito poucos para galvanizarem.
E no fim, isso posso garantir-vos, todos perdemos (como sempre), ganhe quem ganhar.

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