estar "fora do tempo" não existe. Se a "lei" e a "ordem" vigentes não correspondem à expectativa gerada nos anos verdes, feitos de molduras de sonhos, é porque não o são de facto e só por tácita adesão, (in)voluntária e garantidamente violenta, na alma e no corpo, se poderão considerar como tal.
A não adesão implica estar fora de "tudo". É o "tudo" que não agrada e mote inspirador da rejeição à adesão. Contudo, este "tudo" é quase "nada". E digo "quase" porque, finalmente e em consciência, sabemos que a vida é ditada por pequenos "nadas". A nossa vida, à excepção do nascimento, da morte, da paternidade, do amor e da amizade, é ditada, toda ela, por pequenos "nadas".
Mas fora do "tudo" estão muitos, quase todos. E se digo "quase" é porque dentro deste "tudo" só cabem mesmo aqueles que vivem dos "nadas" - não os que vêem a vida ditada por pequenos "nadas" - e que são eles próprios, em simultâneo, os "tudos" e os "nadas".
Na realidade os que não são "nadas" e não estão inseridos no "tudo", são afinal o "todo", sem o qual o "tudo" nada significa e os "nadas" perdem eficácia.
É na força da vida vivida convictamente, de forma louca e apaixonada intelectual e fisicamente, na existência não truncada, feita e reforçada de convicções, de certezas e dúvidas carregadas na inteligencia e na moral que não se vende, nem se aluga, mas se afirma continuamente que a vida merece ser vivida e permite a sua partilha
Dá-se! Primeiro dá-se, esperando em troca receber, almejando que dando sempre mais do que se recebe, se receba no final mais do que se esperava.
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