1.4.05

OUTRA

Da alma, e de quanto tiver,
Quero que me despojeis,
Contando que me deixeis
Os olhos para vos ver.

Cousa este corpo não tem
Que já não tenhais rendida;
Depois de tirar-lhe a vida,
Tirai-lhe a morte também.

Se mais tenho que perder,
Mais quero que me leveis,
Contanto que me deixeis
Os olhos para vos ver.

(Luís de Camões)

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

Outra que não esta nos teus olhos cegos viaja à procura de uma secreta invisibilidade. Doce. Calada. Leve. Tão leve que nem os teus olhos cegos sabem esconder.