13.4.05

O Barreiro e a CUF (2)

A Companhia União Fabril resulta da fusão entre a Aliança Fabril, lda., propriedade de Alfredo da Silva e a União Fabril, propriedade de Henry Burnay. A necessidade da fusão resulta da situação económica precária que as empresas vivem à época. Surge desta forma, como se disse, a Companhia União Fabril.

Sob o controle de técnicos estrangeiros, iniciam-se os trabalhos de construção no ano de 1907, na Vila do Barreiro. Um ano após o início da construção e a laborar com 100 operários, arranca a primeira unidade industrial de produção de óleo de bagaço de azeitona, componente do fabrico de sabão, que é comercializado no mercado interno e também exportado. São igualmente dessa época as primeiras fábricas de superfosfatos e de ácido sulfúrico, uma central de energia eléctrica, um bairro operário, posto médico e quartel de bombeiros. Em 1908, após a aquisição da Companhia de Tecidos Aliança, arranca uma unidade têxtil nas fábricas do Barreiro. Desta unidade sai a sacaria destinada ao embalamento e venda de adubos, bem como as lonas que compõem as velas da frota marítima privada da CUF, garante das ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa.

Em 1911 inicia-se a produção de ácido clorídrico e dois anos após a produção de sulfato de cobre, com aplicação generalizada na vinicultura. Simultâneamente arranca o embrião de uma unidade metalomecânica, com o intuito de promover e garantir a manutenção dos equipamentos industriais.

Nas palavras de Caetano Beirão da Veiga, amigo pessoal de Alfredo da Silva, proferidas em 1910: "O Barreiro é já outro pelo aspecto, pelo movimento, pela vibração das ruas, pelo ritmo nervoso dos que trabalham, pelas altas chaminés (nota: ex-libris das fábricas da CUF) que fumegam dia e noite, pelo odor horrível das emanações químicas que se espargem no ar (nota: que pioravam notóriamente quando o vento soprava de Nordeste e que eram, igualmente, responsáveis pelos fortes nevoeiros que se faziam sentir na Vila), pelas aspirações sociais impetuosas de centenas de operários que se concentram nesse colosso industrial permanentemente arfando".

A presença da unidade fabril monumental começa, de facto, a deixar marcas definitivas na paisagem e no quotidiano locais. (continua)

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