Vai declamando um cómico defunto.
Uma plateia ri, perdidamente,
Do bom jarreta...E há um odor no ambiente
A cripta e o pó, - do anacrónico assunto.
Muda o registo, eis uma barcarola:
Lírios, lírios, águas do rio, a lua.
Ante o Seu corpo o sonho meu flutua
Sobre um paul, - extática corola.
Muda outra vez: gorgeios, estribilhos
Dum clarim de oiro - o cheiro de junquilhos,
Vívido e agro! - tocando a alvorada...
Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas
Quebra-se agora orvalhada e velada.
Primavera. Manhã. Que eflúvio de violetas!
(Camilo Pessanha)
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