Considerações Prévias em relação a Portugal:
1) Era a sociedade nacional tipicamente europeia?
2) Fazem sentido para Portugal as observações da ascenção e queda da Europa no mundo?
1) Sim, Portugal parece apresentar as características fundamentais de uma Sociedade Nacional europeia.
- do ponto de vista geográfico Portugal Continental pertence, sem sombra de dúvida, à Europa;
- do ponto de vista geológico temos o caso dos Açores (geologicamente ligado à América do Norte, se tivermos em conta a g. ocidental, ou ligado à Europa, se tivermos em conta a g. central e oriental) e da Madeira, geologicamente ligada a África;
- do ponto de vista cultural Portugal pertence também claramente à Europa – tem uma língua própria, distinta das outras, e há uma coincidência perfeita entre o espaço onde se fala o português e o território propriamente dito.
Portugal é uma sociedade de tamanho claramente abaixo da média europeia, mas é muito homogéneo sob o ponto de vista cultural.
2) Portugal participou no processo de ascensão, apogeu e queda da importância da Europa no Mundo? ...
A resposta a esta questão não pode ser tão linear como a anterior.
A ideia de que Portugal é um país atrasado relativamente ao resto da Europa vem já desde o século XVII:
- Portugal foi o mais precoce dos dinamizadores do processo de ascenção, que atingiu o seu apogeu no século XVI, mas entrou em queda logo a seguir a esse apogeu.
- 1580-1640 -pela ocupação espanhola (não havia ainda Espanha tal qual existe actualmente, essa só se formou no século XVIII) e as restrições alfandegárias dentro do próprio império ‘espanhol’/ibérico, império ao qual Portugal pertenceu.
- As ideias que colocam Portugal na cauda da Europa em termos económicos, políticos e culturais começaram a surgir precisamente a partir da Restauração da Independência.
Ao longo do século XIX, o que se verifica é que Portugal começa a perder terreno, nomeadamente em termos de PIB, quando comparado com a Europa no seu todo, em situação de ascensão neste aspecto.
Durante o século XX, Portugal recupera, mais concretamente durante a segunda metade do século, enquanto a Europa no geral começa a viver uma situação de declínio.
Perspectiva Política
Podemos afirmar que, em termos políticos, Portugal anda ao ritmo da Europa:
- Em 1800 fez por manter a sua colónia na América, o Brasil, que era essencial para Portugal.
- Ao longo do século XIX ‘fez um esforço’ para colonizar África, essencial em 1900.
Entendia-se nesta altura que o império colonial era essencial para o crescimento económico.
Mas muitos argumentam, actualmente, que é errado pensar que a Europa conheceu crescimento económico porque tinha colónias. Passar-se-ia exactamente o contrário: a Europa pôde ter colónias porque vivia um período de crescimento económico.
A sociedade portuguesa dá nesta altura sinais contraditórios pois, estando ‘mal’ a nível económico, o facto de ter colónias não revela a sua verdadeira situação económica.
Na verdade, Portugal estava ‘dependente’ do seu império.
Ao longo do século XX, com a perda das colónias, Portugal perde a sua identidade, o seu passado histórico, desenraíza-se, sofrendo o síndrome do isolamento e da dimensão, acanhada e períférica, numa Europa a que se pretende agregar mas da qual recebe, em simultâneo, manifestações constantes de ajuda e igualmente de desprezo. Factores históricos, longínquos mas também recentes (caso da emigração portuguesa e da arrogância política) explicam as crispações.
Perspectiva Demográfica
Portugal acompanha o processo de emigração, nomeadamente para a América, típico da Europa da época.
No entanto, durante os anos 60, verifica-se uma grande vaga de emigração portuguesa para França, que não acompanha a vaga europeia.
Depois, Portugal acerta o ritmo e passa a receber também imigrantes, mão-de-obra.
Perspectiva Cultural
Durante o século XX verifica-se uma evolução positiva, embora extremamente tardia quando comparada com a evolução europeia no seu todo, no que diz respeito às taxas de alfabetização e ao número de anos de escolaridade obrigatória.
Portugal parecia recuperar significativamente ao longo deste século em relação à média europeia, mas dados recentes mostram um atraso significativo na nossa literacia, quando comparados com os restantes membros da UE a 25 e outros países desenvolvidos fora da UE.
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