12.3.05

JHF (3.28 pm)

O Governo tomou posse e, assim, abríu a época política.
Muito se disse e escreveu sobre a escolha de alguns dos membros deste executivo. Parece-me pertinente, neste exacto momento, voltar a referir Freitas do Amaral como a escolha mais incompreensível de J. Sócrates, atendendo, fundamentalmente, à pasta que lhe foi confiada. As razões prendem-se com as recentes posições assumidas por Freitas contra os EUA e o seu Presidente G. Bush. Sendo os EUA um aliado fundamental para Portugal num cenário de indefinição europeia, em que "aprofundamento europeu" é entendido como instrumento para catapultar alianças regionais, não se entende nem aceita que a escolha para a pasta dos Negócios Estrangeiros tenha recaído numa personalidade tão caustica e crítica - exagerada e a roçar mesmo o fanatismo - em discursos e atitudes pessoais para com a administração americana.
Ouvi "entendidos" políticos referirem que a dimensão de Freitas, enquanto político, lhe permite separar as opiniões pessoais do sentido de estado a que está obrigado enquanto ministro, na defesa e salvaguarda dos interesses nacionais. Não colhe esta posição. É fraca e demonstra pouca ou nenhuma inteligência política e muita, mesmo muita, vontade de agradar e bajular. É que a questão coloca-se ao nível da escolha. Se Freitas fosse um elemento político do PS, poderia entender-se, à luz da lógica político-partidária que fosse escolhido para a pasta dos Negócios Estrangeiros, baseado na experiência internacional, no "jeito" para a coisa pública e seu conhecimento, nas limitações a que estaria condicionado enquanto elemento político activo do partido, independentemente das suas posições pessoais. Era um raciocínio ainda assim enviezado, mas poderia colher. Mas a situação não é essa. Freitas do Amaral é um independente, que vem da democracia-cristã, e só poderá ter sido escolhido, não existindo a lógica político-partidária, pelas suas opções pessoais, pela sua visão, uma vez mais pessoal, do mundo e do fenómeno político da governação. Estamos, portanto, perante uma situação clara em que as atitudes assumidas por Freitas não podem ser escamoteadas da sua escolha, terão obrigatóriamente de ter contribuído activamente para a nomeação, nem permitir que se acredite que poderão ser omitidas por aquele na sua atitude governativa. Senão, porque razão foi Freitas escolhido e não um qualquer membro do PS? Ou, mesmo, qualquer outro português, aceitando, para justificar a capacidade bipolar de Freitas - penso de uma maneira, hajo de outra - que a nomeação de independentes para um elenco governativo não obedece às posições assumidas por esse independente, mas sim ao preenchimento de uma função governativa, que posteriormente implicará a obediência política do independente à lógica política do partido do governo?
Difícil raciocínio este. Será mais fácil pensar que a nomeação de um independente se prende com as ideias que defende para a "pasta" para que é nomeado e, que estas, são coincidentes com as ideias do chefe do governo que o nomeou. Que a política externa de Portugal se irá pautar por um anti-americanismo feroz e primário, com repercurssões negativas para o País, fácilmente entendíveis. A política externa portuguesa anda há 30 anos a ser tratada com os pés e, pelos vistos, nada irá mudar nesse sentido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo inteiramente. Freitas não tem condição intelectual e falta-lhe moral para poder representar Portugal junto dos EUA.