18.2.05

A propósito de eleições e sondagens
Os números apresentados nas diversas sondagens têm de ser encarados com cuidado. Se por um lado parece inequívoca uma vitória do PS, por outro não é menos certo que as sondagens se baseiam em amostras e comportamentos tipificados, que permitem o tratamento estatístico, e estas eleições decorrem num ambiente atípico. Atípico porque o voto é assumido pela negativa - não votar em Santana Lopes - e porque se é certo que são os grandes centros urbanos que condicionam as vitórias, é igualmente verdade que o interior tem uma palavra a dizer no número de mandatos obtidos e aí, no interior, a conversa é outra, bem diferente do ambiente cosmopolita e do discurso enfatuado, vazio de conteúdo, de circunstância e pseudo-sofisticado do litoral urbano. Mas mesmo aqui, muito voto só irá ser decidido já com o papel na mão.
Igualmente a euforia que tomou a esquerda nos dois últimos dias, se prefigura uma enorme confiança, não deixa de ser incómoda para o eleitorado de centro-direita, que poderá aceder a votar em nome da diminuição do "gap" previsto, quer pelos discursos, quer pelas sondagens.
A abstenção terá igualmente um papel importante a desempenhar dia 20 - não me refiro aos abstencionistas crónicos - podendo alterar as contas que agora são feitas com base em amostragens. E esta abstenção irá atingir, por igual, os dois partidos mais votados.
Pelo que fica escrito, a convicção de que os números ventilados irão apresentar algumas discrepâncias significativas ganha força.

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