7.2.05

A importância da cobertura informativa numa campanha eleitoral
Num Mundo francamente mediatizado, onde a curiosidade é totalmente transposta para os ecrans de televisão, criando vazios intelectuais ao nível da leitura e da discussão na maioria das pessoas, assume especial importância o tratamento e cobertura jornalísitca que aqueles meios fazem das várias realidades sociais, políticas e económicas num determinado espaço geográfico.
Num "post" colocado no dia 25 de Janeiro afirmei: "O homem político, a par do jornalista, organiza as percepções colectivas. Vivem um do outro, gerem o tempo e a imagem. As conferências de imprensa ultrpassaram, em mediatismo, as cimeiras de estado. A televisão impõe um ritmo ao próprio debate político. O político, por sua vez, tenta gerir percepções, tão efémeras quanto os interesses que sustentam. Temos, assim, uma sociedade fragmentada, sem memória, que só encontra a unidade na sucessão de imagens que os "media" lhe devolvem a cada semana".
Assim sendo, é importante que a igualdade de tratamento noticioso seja um princípio basilar da orientação de quem se propõe informar. A não ser assim, que se mostre em toda a sua dimensão a capacidade das máquinas partidárias em campanha, sejam elas quais forem, sem qualquer tipo de interpretação por parte de quem informa. A informação implica isenção. Informar implica ser isento, não fazer juízos de valor nem condicionar a capacidade de percepção de quem "bebe" a informação. As campanhas eleitorais são hoje feitas do espectáculo televisivo. A grande massa populacional contacta com a política entre intervalos de novelas e jogos de futebol, com nenhuma vontade de pensar e alguma, pouca, de absorver o que lhe é oferecido.
Assume então especial relevância a forma como a informação é transmitida.
Não é indiferente mostrar toda a dimensão de um comício-jantar da CDU e escamotear essa mesma informação visual num comício-jantar do BE. Ou mostra ou não mostra. Tentar orientar o voto pela "moda", "pelo que está a dar", é que é inteiramente reprovável.
Hoje, só no interior, o estrépito do aparecimento de políticos em campanha se faz sentir de algum modo, provocado, essencialmente, pela curiosidade que advém da ausência reiterada desses protagonistas no espaço temporal que medeia entre eleições. Nas grandes cidades não existe uma ponta de desassossego, não existe qualquer interesse na percepção física do político, ou porque o cidadão reside isolado, desenraízado, tristonho, desinteressado da sua vida de cinzenta e difícil que é - resultado de movimentos migratórios constantes do interior para o litoral - ou porque o "glamour" e a cultura da urbe já não passa por aí.
Por isto e com isto a informação ganha um peso acrescido. Não suficiente, ainda e felizmente, para condiconar inteiramente todo um sentido de voto - veja-se o caso recente das presidenciais americanas - mas que tenta, tenta.

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