7.1.13

O problema é económico

A defesa cerrada da continencia económica de Portugal, por parte dos comentadores e senadores de sempre, habituados a viver dos favores do regime, carecendo de fundamentaçào lógica, são assimiláveis a carpideiras do trágico e inevitável.
É essa inevitabilidade económica que nos "vendem", a própria desvalorização económica do país.

Pretende-se que se está a construir um futuro, através de uma política e estratégia financeira própria de quem tem fogo na casa e tem a água cortada.
A estratégia de sacrifício financeiro, para salvaguarda da tesouraria, só funciona se, economicamente, o país começar a crescer. Para crescer necessita de fomentar a procura interna e, depois, através de economias de escala, e porque não produz tudo aquilo de que necessita, ganhar competitividade no mercado externo, por forma a equilibrar a Balança de Transacçōes Correntes. Fomentar o consumo interno implica aumentar a procura, que implica aumentar o consumo, que implica aumento de rendimentos.

Assiste-se à destruição dos salários reais, o que pressupōe a incapacidade de incrementar o consumo interno. Sem este incremento, o futuro da maioria das empresas em Portugal é a falência. Mesmo as grandes, aquelas que não parecem poder sofrer estão ameaçadas, porque não dependem economicamente das exportaçōes. Exemplos: distribuidoras, Brisa, PT, só para citar muito poucas. Pense-se nas empresas que dependem da melhor ou pior performance só destas três e percebe-se a dimensão. Porque o problema de Portugal é económico. O problema financeiro existe porque não existe economia. Sem economia a tesouraria portuguesa está a prazo e a falência do país inevitável.

A economia, enquanto ciência social, deveria ter em atenção o interesse geral da população e contribuir para uma maior equidade social.

A boa gestão financeira é imperativa sempre, mas num cenário de perca de poder económico, arrisca-se a ser um instrumento de tortura e morte acelerada. Quem não se recordará, aqueles que andam no mundo empresarial há algum tempo, das vantagens de compensaçōes demoradas do Banco de Portugal, para dessa forma ganharem tempo para crescerem economicamente. E os que não o conseguiam morriam, com ou sem cosmética financeira, inexoravelmente.

Portugal, seguindo um caminho de forte restrição fiscal, não está a contribuir para o seu futuro mas sim a liquidar-se a si próprio, porque não pensa o futuro a 15 ou 20 anos mas tão só a tesouraria a 30 dias.

A receita fiscal este ano vai ser mais baixa; a % da dívida externa sobre o PIB vai aumentar; as falências vão crescer; o desemprego aumentar (1 em cada 4 portugueses está actualmente desempregado); a prestação económica do país vai cair; a confiança externa atingirá o patamar zero.

Já fomos um país pobre. Já fomos o país mais rico de entre os pobres. Depois fomos o mais pobre dos ricos. Em 1973, no auge da primeira crise de aumento de preços do petróleo demos cartas na Europa, em crescimento económico. Mais tarde voltámos à condição de pobre entre os ricos.
Hoje somos um país a fechar escolas, a fechar hospitais e centros de saúde. Com o tempo iremos fechar estradas por se tornarem intransitáveis.
Em suma, só nos falta falir, próximo passo da história deste país, se a política financeira teimar em sobreviver e a enterrar a economia.