E há coisas contra as quais nem vale a pena tecer grandes comentários.
Não compensa sequer indicar os números, fazer comparações, dar qualquer tipo de justificações ou proceder a ataques económicamente ferozes. Muito haveria para dizer, mas não compensa, já não compensa.
Tudo o que pode e deve ser dito passa pela constatação, sistemática, de que os números e estatísticas económicas nos são, sempre, profundamente negativas e penalisadoras. Vale a pena dizer que a sofisticação económica actual, aliada à enorme volatilidade dos mercados, impede qualquer raciocínio que passe pelas palavras recuperação, conjuntural, momentâneo ou outras semelhantes. Tudo o que não se faz hoje não é recuperável amanhã; todo o caminho que se perde hoje é irrecuperável amanhã; todo o atraso que se acumula em relação a terceiros hoje, é irremediavelmente o marco que definirá e limitará o amanhã.
Somos e seremos, cada vez mais, uma nação pobre, de pobres gentes, com um atraso enorme em relação à Europa e ao Mundo. O atraso não é imutável mas crescente; o crescimento é proporcional às capacidades, pelo que o fosso ver-se-á aumentado a cada ano.
Nada nos resta, nem mesmo a mudança política, porque será igual, exactamente igual; a política não manda, obedece. Quem verdadeiramente define as regras é a economia e os nossos políticos, sem excepção, não estão preparados para lidar com a nova face económica.
Acresce que perdemos âncoras fundamentais - o Ultramar - gastámos à barba-longa - rede de estradas megalómana, expo 98, euro 2004, desvios de fundos comunitários (formação), entre muitos outros exemplos - e nos preparamos para despesismos politicos grandiloquentes - novo aeroporto, TGV, travessia do Tejo (somos campeões das obras-públicas) - concorrendo para um aumento da deriva.
Em 2013 tocaremos no fundo. Resta começar a treinar a apneia e atingir costa noutro qualquer lugar.
Portugal está prestes a acabar.