Tudo tem de fazer sentido, mesmo quando parece não fazer ou não ter.
Este OE para 2011 é fundamental: A banca vai começar a financiar a economia ? A população vai viver melhor ? O crescimento económico será um facto ? O país vai diminuir as suas necessidades de endividamento externo ? A agricultura e a indústria serão pilares fundamentais do país ?
Tantas perguntas seriam possíveis e, como estas, todas mereceriam a mesma resposta: NÃO.
Se assim é, porque razão é fundamental o OE para 2011, nas bases em que o PS o quer viabilizar ?
"O país vai mergulhar numa séria crise financeira ?". Mas já não está ?
Não ter OE "é um luxo que Portugal não pode pagar". E o que é que Portugal pode pagar agora ? Nada, sem que lhe emprestem dinheiro sucessivamente. Vai faltar verba para liquidar os vencimentos de Outubro e/ou Novembro no estado ? Talvez sim, talvez não, mas a incerteza resulta de uma certeza: Portugal não produz para os gastos que tem, dependendo de terceiros para cumprir as suas obrigações. Esta nem seria uma constatação grave, se a diferença entre os gastos do estado e as suas receitas não fosse tão díspare; todos os meses somos forçados a contrair dívida para fazer face a despesa corrente e a juros de dívida já existente, constatando-se facilmente o endividamento galopante que daqui resulta. Para um país que pretende ver aprovado um Orçamento recessivo, meça-se o impacto profundo de uma diminuição das parcas receitas, perante um galopar das despesas de capital e da quase manutenção das despesas correntes.
"Ajuste de contas" e "higienização democrática" para fazer ? Não, existe a necessidade de endireitar as finanças do estado, reduzindo-as drásticamente. Um exemplo: terminar com o fundo de desemprego; há uma troca económica entre o agente que aceita trabalho, por encaixe de um salário e a obrigatória cedencia que aquele faz, em termos de ócio, ou por outras palavras, a utilidade da troca de gozo de tempo pela remuneração. Tem tudo a ver com o ganho que o agente reconhece nesta troca; quando o agente encontra um mercado de baixos salários, quase sem inflação, tende a não fazer a troca intertemporal do lazer pelo trabalho. Acabe-se com o subsídio de desemprego e termina, por necessidade, a comparação lazer/salário. Mas este é um exemplo entre muitos, exaustivamente abordados, da forma como o estado gasta mal os seus recursos.
A verdade é que o governo tem as contas públicas descontroladas e não sabe o que terá de fazer daqui a tres meses. Não abdica igualmente das grandes obras públicas e tem dificuldade em cortar nas despesas, por ser incapaz de projectar as implicações dos cortes, razão que subjaze ao descontrole anteriormente mencionado. Depois, acresce que haverá, com certeza, muita despesa que não é do conhecimento público e que representa certamente uma enorme dor de cabeça, por existir, por se situar no futuro próximo, por ser crescente, derivada de todas as obras que se foram fazendo, durante anos, sem que para tanto houvesse capacidade.
"Delírio político" o fim das negociações ? Nem de perto, mas tem graça que semelhante afirmação venha de um actor político mas igualmente gestor. O seu partido já anunciou a intenção de votar contra, mas o PSD delira quando não passa um cheque em branco.
Na mesma linha da UGT, que vai participar na mega manifestação agendada para Novembro mas vem apelar à aprovação do orçamento; não esquecer que a manifestação agendada para dia 24 de Novembro destina-se a mostrar o desagrado dos trabalhadores, pelo pacote de austeridade que lhes é exigido por esse mesmo orçamento.
Assim, parece claro que ninguém tem ideias sobre o que fazer, o que é bem pior do que não saber como fazer.
Precisamos de ferramentas económicas, agora mais, a saber: moeda e inflação.
Não temos uma nem outra enquanto estivermos no euro. Parece-me um optimo ponto de partida para começar a fazer, mostrando saber o que se deve fazer: abandonar a zona euro (a dívida portuguesa está nas mãos da Alemanha, mas esta não se incomodará com uma eventual saída de Portugal, bem pelo contrário).
Claro que se estará perante uma situação de recompensa dos esbanjadores, das cigarras, (exigirá sacrifícios à Alemanha) mas ninguém disse, nunca, que a economia se rege por princípios de moralidade.
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