14.12.06

Duas notícias em dois dias....

O ministro das Finanças aventa a possibilidade de redução da carga fiscal sobre os particulares.
O Ministro da Saúde pressiona os laboratórios a baixar o preço dos medicamentos (nesta situação há um abaixamento da carga suportada pelo Estado nas comparticipações e, em simultâneo, um abaixamento do preço dos medicamentos junto da população - este preço, seja qual fôr, é visto como um imposto, porque o direito à saúde está consagrado).
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Quando as famílias percepcionam um aumento constante nos impostos (através de um agravamento das taxas fiscais e/ou da redução das transferências para as famílias), a economia tende a ajustar-se instantâneamente, através de um abaixamento do consumo, sem contudo significar que existam, por essa via, efeitos dinâmicos no capital não havendo, portanto, quaisquer efeitos no PIB ( o consumo é substituído pela carga fiscal - o rendimento das famílias não se altera).
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Sem capital não há investimento; sem investimento não há aumento do rendimento; sem aumento do rendimento não há aumento do consumo e da poupança; sem aumento da poupança não há aumento do capital, que baixa, sistemáticamente, de períodod para período devido ao factor depreciação.
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A economia fica cada vez pior e a qualidade de vida ressente-se.
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Cabe ao Estado alterar a situação: daí as afirmações dos ministros. Injecção de confiança na economia.

12.12.06

Donald Frazer

A Senhora é de centro-esquerda

Cavaco Silva tem-se demarcado, ferozmente, do PSD.
Cavaco Silva tem-se aproximado, ferozmente, do PS.
Cavaco Silva tem sido deselegante e políticamente incorrecto para o PSD. Tem sido, igualmente, um péssimo filiado político: o filho que renega a mãe.
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Maria Cavaco Silva afirmou ser de centro-esquerda.
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Temo, sem temer de facto, que Cavaco não goze estes 5 anos de presidência, tão preocupado que está com os próximos 5.
Liberte-se senhor, goze o momento e faça como Soares: 6 meses antes das próximas, de taça de champagne na mão, prepare as eleições - e ganhe-as (é difícil não é, quando nos falta aquele não sei o quê).
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Entretanto, à cause de mouche, caso Cavaco Silva volte a pisar o risco do PSD, com o PSD, mais duas ou três vezes (antes será extemporâneo) não tenho dúvidas do que terá de ser feito: expulsá-lo do partido, sem contemplações.
Assim, o Senhor Presidente ficará livre do compromisso político que tanto parece inquietá-lo.

Oponho-me ao regime...

Há anos que me confronto com a mesma realidade e, agora, uma vez mais a reconheço: a realidade - opositor ao regime; a situação - Chile.
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Não há qualquer situação de que me recorde que, ser opositor ao regime, não comporte um reconhecimento políticio e social difícil de alcançar.
Não importa o regime; não importam as convicções ou crenças; não importa a seriedade: ser "opositor ao regime" é clean, tem charme, reconhecimento e audiências.
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Daqui me proclamo Opositor ao Regime.
Avanço mais: que todos os que concordarem com este estatuto se me juntem, no sentido da formação de um movimento cívico, que não desdenho, possa um dia, assim ajude a dimensão, a transformar-se num partido político.
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Viva a oposição ao regime!!!

O Estado que assusta...

A perseguição criminal, por actos atentatórios do interesse público e/ou privado, é necessária e exigível num estado de direito. As notícias daí resultantes são importantes, para manter informados e alerta os cidadãos servindo, igualmente, para afastar o clima de impunidade que se tem vivido em Portugal nas três últimas décadas.
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Adicionar, a este esforço de clarificação da sociedade onde vivemos e onde educamos os nossos filhos, a perseguição fiscal cega, quase sem regras, a que se assiste é, no mínimo, perigoso, porque retira confiança aos agentes económicos nacionais e estrangeiros - País de gentes pouco sérias e credíveis - e adiciona um factor psicológico muitíssimo negativo: a população com medo do Estado. O Estado somos nós; fará então sentido ter medo do Estado?
Não faz. Aceitável é o contrário.

10.12.06

Morreu Pinochet

O General Augusto Pinochet, que derrubou o governo marxista no Chile e governou durante 17 anos, morreu este Domingo, após complicações de saúde surgidas como consequència de um ataque cardíaco.
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Pinochet foi duramente atacado, depois de perder o poder no Chile, na sequência de eleições livres e, muito especialmente nos últimos anos, pelos crimes cometidos em nome dos (supostos)interesses políticos e sociais do Chile. Foi inclusivé julgado e condenado, em Espanha, por um juíz com uma agenda política nebulosa.
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O Chile é, hoje, o País com melhor welfare de toda a América Central e do Sul.

23.11.06



Marrian

Questão de carácter...

«Compete ao Governo o estabelecimento de medidas preventivas em áreas onde se vão realizar investimentos de carácter nacional».
Afirmação da vereadora da CML, responsável pelo pelouro do urbanismo.
Investimentos de carácter nacional, feitos pela Obriverca, só se a Nação se confina a Alverca (donde deriva o nome da empresa e onde esta tem realizado o fundamental da sua actividade).
A menos que por investimentos de carácter nacional, se deva realizar a possibilidade de aplicação dos 60 milhões de euros, de Norte a Sul do País.
Quem sabe, casas no Algarve e no Minho, passando por Évora e Coimbra. Assim sendo, ninguém colocará em causa o carácter nacional da coisa.

Confusão Estado-CML...

Fala-se tanto de tantas coisas - fisco; futebol; corrupção -mas pouco ou nada se fala dos interesses do betão, daquele betão que não é sério, só interesseiro; que não cria riqueza, cria ricos; que depende de favores pessoais, do conhecimento atempado de situações de utilização de terrenos, seja por modificações de PDM´s, seja pela necessária utilização pública, possibilitando compras por cêntimos e vendas, sem acrescentar valor, por milhões.
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Vem este pensamento a propósito da confusão gerada, entre a aprovação camarária, em Lisboa, de um loteamento e a suposta futura utilização do talhão, onde se irá inscrever o loteamento, para a construção da linha do TGV (que espero, sinceramente, não passe do projecto - o TGV, claro).
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É necessário clarificar as responsabilidades, porque se está em presença de uma possível indemnização de 60 milhões de euros!!, a pagar através do erário público.

19.11.06



Woody Allen meet...

Woody Allen

O Futuro incerto...de Portugal

De acordo com o presidente do Vitória de Setúbal, "o clube e a SAD têm um passivo global de cerca de 11/12 milhões de euros, com encargos bancários equivalentes ao custo da equipa de futebol, que são incomportáveis em termos futuros". Por outro lado, Jorge Santana lembrou que o Vitória de Setúbal já recebeu, por antecipação, grande parte das verbas relativas ao contrato de cedência de exploração do bingo ao Grupo Amorim, por um período de dez anos, e a totalidade das verbas relativas às transmissões televisivas da época desportiva em curso (2006/2007).
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Esta notícia, sobre a situação económica de um clube de futebol nacional, tem muito em comum com a situação da economia nacional.
De receita extraordinária em receita extraordinária, lá vão os diversos governos - de todas as cores - fazendo face às despesas ordinárias (quer por que não são extraordinárias, quer porque se tornam aviltantes) através de processos extraordinários.
E, como acima se lê a propósito de um clube de futebol e dos claros sinais de péssima gestão económico-financeira, as receitas extra acabam e as despesas ordinárias ficam.
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Resta, então: (i) para o clube declarar a insolvência (caso se verifique a fravidade da situação) e (ii) para o País reduzir, drásticamente, a qualidade de vida dos seus cidadãos.
Nada mais resta, de facto!

16.11.06

As aulas de substituição

são preenchimento de tempos. A questão não é - nunca foi - utilizar as aulas de substituição para ensinar matéria aos alunos. As aulas de substituição ( e o termo, em si, encerra erros de interpretação graves) são, claramente, aproveitamentos de tempos para que, fundamentalmente, os alunos possam estudar e, porventura discutir em grupos ordenados, matérias dadas nas salas de aula, pelos respectivos professores das disciplinas. Pretender que as aulas de substituição (repete-se, a adjectivação está errada) são uma oportunidade para lecionar e receber ensinamentos, é um erro. São tempos, repete-se, de aproveitamento escolar para estudo.
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O problema surge quando se junta a pouca, ou nenhuma, vontade de estudar dos alunos - esquecendo que a sua formação de base é vital para a sua vida futura, numa sociedade em crescente competitividade, na qual se medem, exaustivamente, as eficiências; e a ausência de vontade de trabalhar dos professores, habituados a ter tempos mortos, de convívio, passados na sala de professores, agregada à relação que estabelecem, pela negativa, entre o vencimento que auferem e a utilidade esperada do seu trabalho.
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Todas estas questões, numa sociedade portuguesa claramente avacalhada, são de difícil resolução e a alteração de mentalidades far-se-á à custa da dificuldade das gerações futuras, significando um progressivo e inexorável empobrecimento do País.

15.11.06

Fim da coligação na CML....

Crise na Câmara Municipal de Lisboa.
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O presidente da Câmara de Lisboa retirou todos os pelouros à vereadora Maria José Nogueira Pinto, que acusa de «falta de lealdade política», pondo em causa a coligação PSD/CDS, que governa a capital. Em causa está o voto de Nogueira Pinto contra um nome proposto por Carmona.
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Maria José Nogueira Pinto é, reconhecidamente, mesmo pelos opositores políticos, cidadã honesta e honrada, política competente e capaz.
Terá as suas razões, com toda a certeza.
Que nos diga quais. Gostaríamos, muito!!, de saber.

10.11.06



Donald Frazer

Auto-estradas mal projectadas?

Parece cada vez mais claro que os acidentes em contra-mão nafa têm a ver com questões de idade e dificuldades perceptivas.
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Das duas uma: ou as auto-estradas estão mal projectadas ou os portugueses encontraram uma nova saída para os seus inúmeros problemas pessoais.
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Inclino-me mais para a primeira, porque a segunda não é certa, não é intuitiva e carece de sacrifício isolado.


Picasso

Tudo na mesma...

Na maioria dos países pobres, a ausência de saneamento básico é uma ameaça constante às populações, mais do que os conflitos armados e epidemias e pandemias possíveis.
Por ano, estima-se que a insalubridade da água seja responsável pela morte de 1,8 milhões de crianças, número maior que o das mortes provocadas por malária (1 milhão) e pela tuberculose (1,5 milhões). É, ainda, equivalente a cinco vezes o número de mortes provocadas pela SIDA.
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Estes são dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2006 da responsabilidade da ONU.
De acordo com o mesmo relatório, 1,1 mil milhões de pessoas não dispõem de água doce potável e 2,6 mil milhões não dispõem de qualquer rede de esgoto.
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É este o admirável Mundo Velho!

9.11.06

Questão de Dimensão e Percepção dos Mercados :salvaguarda do Futuro...

A Scottish Power teve uma primeira abordagem para uma possível aquisição, com um valor avançado pelos interessados de 12 mil milhões de Libras para a sua aquisição, de um agente ainda não revelado públicamente, mas que fontes da companhia e analistas identificam como sendo a Iberdrola, cujo valor actual de mercado está avaliado em 20 mil milhões de Libras.
Desta forma, parece clara a estratégia da empresa espanhola com sede em Bilbao: tornar-se suficientemente forte para evitar um takeover futuro de qualquer empresa concorrente europeia. Estamos a falar da segunda empresa energética de Espanha; a primeira é a Endesa.
A Iberdrola já tinha sido ligada a um possível movimento de fusão com o 3º player espanhol: a Union Fenosa.
Acresce que o parceiro da Iberdrola, na possível operação, é de cariz financeiro.
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Este é claramente o caminho a seguir, para as empresas nacionais, conforme o fiz notar aqui http://palavrasinterditas.blogspot.com/2006/09/que-me-desculpem-mas-de-espanha-nem.html

8.11.06



Jean-Loup Sieff

A propósito de planeamento familiar.....

(Natália Correia no Parlamento, perante a afirmação, que se reproduz entre " ", do deputado centrista João Morgado)
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"O Acto Sexual é para Ter Filhos"
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Já que o coito- diz o Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca;
temos na procriação
prova que houve truca-truca.
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Sendo pai de um só rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Para acompanhar em directo

eleições americanas, aqui http://www.nytimes.com/ref/elections/2006/House.html

6.11.06



Li Dafang

Seria importante

não perder o apoio sunita, minoritário mas poderoso cultural, económica e financeiramente, no mundo árabe.
A razão é hipócrita para defender a não aplicação da pena de morte a Saddam, mas é suficientemente importante para o justificar.
Depender dos xiitas, sem mostrar apreço por sunitas tem um preço muito elevado, como o mostram, claramente, Iraque, Irão, Afeganistão, Líbano, etc..
Utilizar a pressão política, evitando a execução de Saddam, é estender um dedo a quem, neste momento, precisa de uma mão.
Independentemente da opinião que se tenha sobre a pena de morte ou sobre a justeza da condenação, estaremos sempre a falar de um déspota, quando falamos de Saddam.
Mas o Mundo já usou de muito maior hipocrisia, quando fingíu não ver ou ouvir os relatos da gestão governativa de Estaline e, ainda maior despudor, quando ainda hoje branqueia a sua imagem.
Ou a de Fidel.

Para acompanhar

a corrida ao Senado e à Câmara, aqui http://www.nytimes.com/ref/washington/2006ELECTIONGUIDE.html?currentDataSet=senANALYSIS


Ben Sullivan

Questões sérias....

Será aceitável dar como boa a possibilidade do estado suportar as despesas com abortos, efectuados em clínicas privadas, sempre que os hospitais públicos não tiverem condições para os efectuar, quando existem imensas doenças para as quais o estado não disponibiliza, por incapacidade, os recursos financeiros necessários para o seu tratamento ou simples alívio?
(vidé peditório anual da liga contra o cancro).
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Não basta a questão ser premente e/ou fracturante.
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A propósito: se a intenção é liberalizar, faz algum sentido legislar? Para fixar o tempo limite?
O tempo é uma medida certa e, em simultâneo, etérea. O tempo é, acima de tudo, uma medida relativa. Muito ou pouco tempo não existe. Só existe o tempo necessário a (.), que deverá ser escrupulosamente fixado em toda e qualquer ciscunstância. O tempo, assim definido, assume a função planificação. Faz sentido aplicar este tempo na fixação do tempo limite para proceder a um aborto? Em meu entender não. Por isso pergunto: se é a liberalização que se procura, fará sentido legislar?
Não! Acaba-se com a lei que existe e pronto!
A deontologia e a moral que se assumam como alicerces das boas práticas e usos.


Donald Frazer

A Banca vai recorrer....

aos tribunais, para não aplicar a rectroactividade da lei sobre os arredondamentos abusivos aplicados nas taxas de juros à habitação, durante anos.
Numa primeira aproximação, o raciocínio leva-nos à não aplicação de retroactividade na aplicação de uma lei - o jogo joga-se conforme as regras a cada momento.
Contudo, nesta situação específica, a ausência de regulação não justifica a não aplicação retroactiva da lei agora aprovada Porque?
A razão é simples: por mera lógica e respeito de princípios matemáticos.
Pegar num número, por ex. 4,0015 e arredondar este número para 4,2 é, intuitivamente, um disparate e, do ponto de vista matemático, um erro grosseiro.
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Assim, nada mais resta às instituições financeiras, que se pretendem sérias, necessáriamente sérias, senão reconhecer o abuso matemático e devolver os juros cobrados em excesso.
E não falem de retroactividade, nem se refugiem na lógica de que a lei era omissa.

30.10.06

A inevitável concentração energética....

implicará a existência, em alguns anos, de cinco grandes famílias energéticas na Europa: 2 alemãs; 1 francesa; 1 italiana e 1 espanhola.
Tudo o que se disser fora desta realidade é demagogia política, por ignorância ou por interesse actual.

26.10.06

Um Poema...

Não tenhas medo, ouve:

É um poema

Um misto de oração e de feitiço...

Sem qualquer compromisso,

Ouve-o atentamente,

De coração lavado.

Poderás decorá-lo

E rezá-lo

Ao deitar

Ao levantar,

Ou nas restantes horas de tristeza.

Na segura certeza

De que mal não te faz.

E pode acontecer que te dê paz...

(Miguel Torga)



Audrey Flack

Ainda a propósito dos Grandes Portugueses...

O grave é que não existe liberdade de facto em Portugal. Os partidos não deixam, os media não deixam, a falta de preparação, cultura e conhecimento não promovido em 32 anos não deixam.
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32 anos depois já não se pode culpar de nada o Estado-Novo.

O "lamento" justificativo da ausência de Salazar, hoje na RTP1...

Assisto, com desencanto, ao programa da RTP 1 que pretende, supostamente, lançar um programa e a sua importância no panorama televisivo português (porque é disso que se trata), bem como ao ressurgimento de uma figura carismática da comunicação falada (mais do que escrita): o programa "Os Grandes Portugueses" e a mentora (copista do modelo inglês) Maria Eliza.
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Neste programa confronta-se a mediocridade de um "gato fedorento" com a erudição do Prof. José Hermano Saraiva.
Para lá da confusão natural que se instala com a heterocedasticidade dos interlocutores presentes, lamenta-se que por interesses óbvios se pretenda justificar o injustificável.
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Terei de elaborar uma opinião estritamente pessoal quanto à iniciativa, antes de mais: considero-o despropositado e desprovido de sentido histórico, porque, acima de tudo, discordo profundamente na bondade de levar a votos a História de um Povo, através da promoção de votos nos seus maiores vultos. A História não vai a votos: faz-se!
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A noite tem sido, assim, muito fraca no diálogo e, concomitantemente, no conteúdo. Mas aguardo, com curiosidade, qual a justificação para que, na primeira lista de grandes portugueses, não tenha surgido o nome de António de Oliveira Salazar.
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Maria Eliza pretende explicá-lo na segunda parte do programa, dando a entender, numa primeira aproximação, que a lista inicialmente elaborada era tão sómente isso, uma primeira lista de sugestões, aberta a alterações.
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Como se explica este facto não sei, vou aguardar. Mas uma coisa sei: olvidar o nome de Salazar nessa primeira lista é escamotear 40 anos de História de Portugal, gostando ou não gostando do político.
Mas sei mais e mais importante: não propor Oliveira Salazar nessa primeira lista significa não saber lidar com a História e, quando não se sabe lidar com o passado histórico, não se tem condições para avançar para um programa televisivo, populista por definição e por razão da definição perigoso, porque se está, à priori, condicionado.
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Se uma Mulher e jornalista como Maria Eliza se sente condiconada, o que dizer da sociedade portuguesa, 32 anos depois da revolução, que garante à evidência a imposição de grilhetas intelectuais. Porque nenhum de nós pensará, por um segundo, que Oliveira Salazar não foi um dos primeiros nomes a sair do saco e debatido à exaustão. Do saco da 1/2 dúzia de cabeças pensantes do programa e do debate, quer histórico, quer polémico que sugeríu. E sendo-o, porque razão não foi incluído, sendo-o só posteriormente em face da pressão exercida.
O problema, repito, é a incapacidade e temor de lidar com a História recente, preocupante numa sociedade que se pretende livre e democrática, mas acima de tudo sem estigmas.
Ao fim e ao cabo sempre existirão, ainda, algo mais que resquícios de complexos, quando vem à liça o nome de Salazar.

25.10.06

Sou o fantasma de um rei

Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...

Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um deus está relendo
...


(Fernando Pessoa)

A Despesa Pública.....

não-produtiva - o estado gordo - é perniciosa porque acarreta, forçosamente, uma consequência: diminuição do consumo privado, ou por outras palavras, o poder de compra de todos os cidadãos, através de dois mecanismos essenciais - necessidade de aumento de receitas públicas através do aumento da carga fiscal e endividamento das gerações futuras pela obrigação de liquidar o endividamento público e os encargos inerentes.
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Exemplo: por cada título emitido pelo tesouro (satisfação da dívida pública) e comprado pelo cidadão, a prever um encaixe financeiro equivalente ao capital investido acrescido da remuneração, estamos, em simultâneo, a endividar as gerações vindouras (alguém tem de pagar, sempre).
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A despesa pública não-produtiva, para um estado pobre como o nosso, apresenta contornos caóticos.

24.10.06

Destruição da Terra ultrapassa a capacidade de Regeneração Natural em 25%....

A destruição de recursos naturais, para fazer face às necessidades do consumo humano, ultrapassa em 25% a capacidade de regeneração do planeta.
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Para conferir aqui http://www.panda.org/index.cfm?uNewsID=83520


Henry Bresson

A Falácia da Diminuição do Imposto Sobre as Empresas....

Falar, políticamente, em baixar o imposto sobre o rendimento das empresas (vulgo IRC) com o propósito de canalizar novos investimentos e aumentar a competitividade do espaço económico português face a outros, é uma falácia, mesmo que o argumento esteja ou venha a ser utilizado políticamente por outras regiões económicas.
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A razão é simples: através do abaixamento do imposto as empresas (leia-se o capital) até poderão ver aumentados ou, pelo menos sustentados, os lucros. Mas a questão essencial, para o capital, passa por obter níveis de lucro semelhantes (a remuneração esperada) ou mesmo ligeiramente inferiores, através da penetração nos mercados, passando a referida penetração por aumentos sucessivos de eficiência/produtividade.
Aumentar os lucros através da redução da carga fiscal (formulação virtual da função lucro) não garante eficiência e promove, forçosamente, diminuição da presença no mercado para as empresas, pela consequência directa da perca temporal das eficiências necessárias à manutenção/aumento da penetração nos mercados onde operam. E estagnar ou perder mercado significa, a prazo, a perda do negócio.
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Só podem defender a solução da diminiução da carga fiscal os empresários que assumem, claramente, ineficiências e incapacidades de lidar com o mercado.
Para os políticos, o discurso passa por ser sofisticado, mas é totalmente desprovido de sentido.

19.10.06
























Jean Loup Sieff

Deixem que a esperança prevaleça sobre a incerteza...

A noite cai, as preocupações adensam-se. É sempre assim e sempre será.
É o lado escuro que acompanha o escuro da noite.
As piores decisões tomam-se à noite. Sem excepção. Ao cansaço natural acumulado no dia, junta-se a certeza do mundo fechar, de nada mudar durante horas e este pensamento, parecendo simples, pode encerrar complexidades mentais que conduzam, no extremo, à turbulência da mente, num desfiar de rosários que se perfilam inexoravelmente como não solúveis.
Não é por acaso que as taxas de suicídio apontam para uma maior verificação destes, entre as primeiras horas da noite e a alvorada.
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Há que ultrapassar o adensar de preocupações noturnas, através da positividade colocada no dia seguinte. Viver cada dia por si e, acreditar, que a possibilidade de melhorar aumenta à medida que os problemas se adensam: ao fim e ao cabo, depois da tempestade vem a bonança.
Neste papel criador de esperança, assumem particular importância os órgãos de informação e o elenco governativo. A palavra de esperança tem de partir de quem tem tempo de antena; no caso concreto de quem tem a informação e de quem a transmite.
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Os portugueses dispensam as guerras em torno da corrupção. Já todos sabemos que vivemos numa sociedade corrompida, transversal e verticalmente. Já todos sabemos que os tempos são de crise. Sabemos igualmente que a justiça está num caos e que o desemprego cresce.
São necessários mecanismos de criação de ânimo, urgentemente.
Boas notícias, como o acordo com a Auto -europa, podem e devem ser badalados até quase a exaustão. A notícia de que um novo modelo, a ser anunciado, poderá criar 3.000 novos postos de trabalho, deverá contrabalançar a certeza que até ao final do ano, pelo menos 7.200 portugueses ligados ao sector automóvel terão perdido os seus empregos.
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Igualmente existe um limite para a subida de impostos. Se o estado entende subir, proporcionalmente, os escalões de IRS e acabar com algumas SCUTS, deverá levar em conta que não pode, em simultâneo, subir os impostos sobre os produtos petrolíferos, porque uns e outros, directos ou indirectos, afectam a população, o contribuinte individual e diminuem-lhe o bem-estar, ou por outras palavras, contribuem para a perca do poder de compra, diminuindo a qualidade de vida.
É que a estas notícias somam-se as outras, do aumento da inflacção, do congelamento dos salários e do aumento das taxas de juro, do crescimento das despesas com a educação e da saúde.
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É tempo de incutir confiança na população, para que essa confiança alastre aos agentes económicos nacionais. É chegado o tempo de apoiar as iniciativas geradoras de emprego, da micro à média empresa. É, provávelmente, chegado o tempo - agora que se conseguíu criar o estigma social do não pagamento de impostos - de aliviar, discretamente, a pressão sobre os contribuintes, até porque quem tinha com que pagar já o fez e as receitas do estado, na recuperação de créditos de imposto, tendencialmente cairão até ao final do ano para valores quase residuais. Não é um ganho, antes uma perca, alimentar um ambiente de suspeição e perseguição continuada sobre os agentes económicos.
Executar bem não passa por executar cegamente. A economia não é uma ciência certa e exige, como tal, navegação à vista. Mudar procedimentos, de acordo com a percepção da economia e do mercado, é um dado fundamental.
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Fundamentalismos no estado conduzem a situações de rotura. Por isto e por isso, percebo claramente o Ministro das Finanças, que não precisava de fazer um mea-culpa em relação às declarações sobre a recuperação da economia portuguesa.
Todos sabemos que os próximos anos são difíceis mas também necessitamos de ouvir, mesmo com um sorriso descrente, que as coisas estão a melhorar.
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Ao fim e ao cabo somos todos humanos e se há característica que define o humano ela é, claramente, o gosto de ser (pela positiva) enganado.
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Em resumo, se acaso a sua situação é de desconforto, quando se apaga o dia e a noite avança, pense maduramente que um novo dia está para acontecer e, que de noite, a não ser beber uns copos e dar umas quecas, nada pode fazer.
Aproveite a noite então e pense nos problemas por resolver quando as possibilidades de solução são maiores -durante o dia.
Em qualquer caso não esqueça: se não tem pais ricos nem lhe saíu a lotaria pode sempre ir ao BES.

Quando se exige sacrifício a sinceridade tem de imperar...

Afirmar que "tarifas dos consumidores só vão crescer 6% a 8%", padece de um erro grave: a palavra "só". A ser verdade que a afirmação é tal e qual, pertença do Ministro da Economia numa entrevista ao semanário Sol, ela encerra um erro de forma que é, em simultâneo, um vício instituído na democracia portuguesa: a utilização abusiva da língua para efeitos de desculpabilização.
Qualquer aumento superior ao aumento verificado nos salários reais é dramático, para pelo menos 90% da população portuguesa. A expressão correcta seria: tarifas dos consumidores ainda terão, infelizmente, de crescer entre 6% a 8%.
Dizer qualquer outra coisa é escamotear a verdade.

Homem de Bem...

Quem é homem de bem,
não trai
O amor que lhe quer
seu bem.
Quem diz muito que vai
não vai,
Assim como não vai
não vem.
Quem de dentro de si
não sai
Vai morrer sem amar
ninguém.
O dinheiro de quem
não dá,
é o trabalho de quem
não tem.
Capoeira que é bom
não cai
E se um dia ele cai
Cai bem!

(Vinicius de Moraes)

Uma economia pujante....

A economia portuguesa cresce, justificando-se as revisões em alta da taxa de crescimento. De facto tudo cresce, ou melhor, sobe. Tudo sobe então e a única excepção só vem , como soi dizer-se, justificar a regra.
A excepção é o nível de vida dos portugueses que só baixa, ou diminui, como quiserem. No resto, não temos qualquer dúvida: tudo sobe ou cresce.

17.10.06

Ciganos

Tudo o que voa é ave.
Desta janela aberta
A pena que se eleva é mais suave
E a folha que plana é mais liberta.

Nos seus braços azuis o céu aquece
Todo o alado movimento.
É no chão que arrefece
O que não pode andar no firmamento.

Outro levante, pois, ciganos!
Outra tenda sem pátria mais além!
Desumanos
São os sonhos, também...

(Miguel Torga)

A Fundamental Dimensão...

No New York Times de hoje:
"Wal-Mart Stores, the largest retailer in the United States, is laying the groundwork to become the biggest foreign chain in China with the $1 billion purchase of a major retailer here, according to people briefed on the deal".
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É tudo uma questão de dimensão. Por isso, Portugal e a sua economia estão destinadas a serem parte do mercado ibérico e o controlo das suas empresas cair, maioritáriamente, na mão de capital estrangeiro. Por isso, por falta de dimensão dos homens em primeiro lugar e, depois, pela inerente falta de dimensão económica, política e social.

16.10.06

A verdade da mentira....

Curiosa a forma como governo e oposição lidam, diáriamente e de há longas semanas, com a questão da "necessária" reforma do estado-previdência.
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Os cortes propostos nas pensões, os benefícios que terminam (caso da viúva ficar com direito a 1/2 da reforma do conjuge, em caso de falecimento deste), implicando uma rotura na expectativa dos benefícios futuros, traz consigo uma enorme contradição: QUANDO SE CRIARAM REFORMAS ONDE ANTES NÃO EXISTIAM quer pela especificidade das funções, quer pelos montantes, quer pelos anos de exercício de funções; QUANDO SE LEGISLOU SOBRE MECANISMOS COMO O SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL; QUANDO SE INTRODUZÍU O CONCEITO DE MÍNIMO DE SUBSISTÊNCIA; QUANDO SE AUMENTOU O VALÔR DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO, sempre se julgou que o Estado estaria a consumir proveitos gerados na economia.
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Puro engano. O Estado não estava a gastar rendimentos gerados. O Estado estava a consumir receitas acumuladas durante anos, por todos aqueles que agora vêem as suas pensões de reforma, a dignidade numa provecta idade ameaçada. Estão goradas as expectativas no futuro em todos, os que estão reformados e os que estão no mercado de trabalho. O Estado sucks e os políticos destilam mentiras.
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Acaso não são estes políticos os mesmos que se atribuíram, de há trinta e dois anos, as regalias que os colocaram a salvo de qualquer intempérie? Que força moral têm agora para falar?
Nenhuma! Absolutamente nenhuma.
As reformas são mais do que necessárias (irem a tempo é outra história) mas a estes políticos falta-lhes credibilidade para as empreender.
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Nota de rodapé: a 1ª República, no finzinho, também começou a esbracejar com a corrupção....

9.10.06

A memória curta de Carrapatoso ou os interesses subordinantes...

A memória é curta ? Não! Os interesses é que mudam.
Há uns anos, não muitos, Carrapatoso e a Vodafone (Telecel), vociferavam que dois operadores eram ideais para "trabalhar" o mercado das comunicações móveis em Portugal. Hoje, como sabemos, dois são poucos, três são óptimos, na opinião do douto responsável da Telecel (Vodafone).
Que António Carrapatoso tinha chegado à Vodafone (Telecel) por obra e graça do Espirito Santo, já o sabia. Que lá se tem mantido, acumulando prejuízos, também se conhece.
Não se sabia, contudo, que a certeza de que dois operadores seriam suficientes para Antonio Carrapatoso, se mantinha tão presente.
Porque a estratégia da Vodafone e do seu líder não passa pela manutenção de três operadores, mas pela aquisição de lugar na primeira fila do espectáculo de encerramento da Optimus, por falta de mercado e de capacidade de alavancagem.
Porque esse encerramento é garante da continuidade da TMN, da repartição do mercado que sobrar e, igualmente importante (pela continuação da TMN), da manutenção da necessidade de um interlocutor nacional que faça a ponte com os agentes fronteira, num País onde se continua a privilegiar as relações informais lobbistas.
Caso contrário, com o mercado aberto sem intervenção de monopólios e interesses estatais nas comunicações móveis, nada impede a colocação pela Vodafone de um CEO inglês, mais provável até do que a deslocalização de um gestor americano.
Pelo sim, pelo não,o Compromisso Portugal lá vai cumprindo o seu papel de rampa política, permitindo acalentar ambições nessa área, para quem teme vir a sair a curto prazo de outra.

29.9.06























Faulkner

Princípio de vida...

“Amava e destruía o amor; membro dum grupo literário avançado, deixara-o e ficara só; deslumbrado por um clarão de fé, mergulhara de novo na escuridão da descrença; em vésperas de partida para a vida prática, andava atormentado.
- Feitio excomungado, o teu! Ou te modificas, ou estás desgraçado...
- Mudar, eu?
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Tinha a impressão de que os anos iam enrijando certas regiões do meu carácter. Era uma espécie de dureza progressiva, contra a qual todos os guilhos da ambiguidade, do convencionalismo, dos interesses e da conivência se quebravam. Esse monolitismo tornava cada vez mais difícil um dia a dia em que os passos bem sucedidos pressupunham maleabilidade, brandura, adaptação. Mas, embora visse claramente as vantagens de ser doutra maneira, sabia que estava condenado a pagar à vida o duro tributo da sinceridade. Nascera inteiriço, continuaria inteiriço, fossem quais fossem as consequências.”
Miguel Torga

O outro lado do Mundo....

Para que uma mulher no Paquistão possa conduzir com sucesso uma queixa de violação, é exigível que 4 homens sejam testemunhas do acto. Por outras palavras, a mulher terá de ser violada por 4 homens que depois endoidecem e confessam; ou por, pelo menos, 5 homens, 4 dos quais se zangam com o quinto e ajudam a vítima, a troco do silêncio, a culpabilizar o quinto elemento, ou o fazem a troco de dinheiro pago pela família da vítima - a modos que gigolos com cheiro acre medieval.
Infere-se asim que ser vítima de violação no Paquistão por um, dois ou três ou mesmo quatro homens é uma desgraça maior para qualquer mulher, do que ser vítima de violação por cinco, seis, sete e por aí fora.
Esta será, certamente e fora de discussão, a razão pela qual o apelido porque são tratados é o da mãe - como saber quem é o pai em tais situações ?
É que, caso a vítima acuse um homem ou conjunto de homens de violação e não tenha as referidas quatro testemunhas (homens) é acusada de mau comportamento moral, de adultério, incorrendo em pena de prisão.
É este o maravilhoso mundo árabe que tantos se afadigam em defender.

Que me desculpem, mas de Espanha nem bom vento, nem bom casamento.....

No debate de 2 feira passada no Prós e Contras, ficou claro que J. M. Aznar fez o seu papel, Manuel Dias Loureiro também e o Prof. Ernani Lopes, afastado há muitos anos da vida política activa, com o distanciamento saudável que o referido afastamento permite, deu-nos uma visão realista e, acima de tudo qualificada, dos perigos próximos que a economia e as empresas portuguesas enfrentam, por incapacidade de consolidação das suas posições económicas nos últimos trinta anos.
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Na realidade, a enorme diferença na capacidade de capitalização das empresas portuguesas, face às congéneres espanholas, coloca-as numa situação de perigo iminente consubstanciada na fragilidade dos recursos financeiros e na decorrente fraca capacidade de alavancagem dos seus negócios.
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Aliar com Espanha (leia-se empresas espanholas) é correr para o abismo, sendo excepções as cimenteiras (cartelizadas) e a indústria de papel (cartelizada), bem como, de alguma forma, os aglomerados de madeira (embora neste caso exista dificuldade idêntica no resto do mundo, onde a dimensão portuguesa é insignificante, quer ao nível dos recursos financeiros, quer da dimensão dos meios de produção.
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Para os petróleos, leia-se Galp, o caminho passa, forçosamente, pela capacidade de arregimentar um pacto estratégico com a Petrobras, única solução para aumentar a sua capacidade exploratória de actuais e novos blocos, usando como factor determinante, o dote constituído pela facilidade de penetração na África portuguesa, pelo razão de ser membro da UE e pelo reconhecido know-how técnico e de gestãoque possui.
Já a EDP terá de sustentar as suas políticas numa manutenção férrea da sua independência, até ao dia em que, impelida pela política geral económica europeia, se constituam as futuras 4 ou 5 grandes famílias energéticas europeias, situação na qual muito dificilmente deixará de pertencer ao grande grupo Ibérico que virá a ser constituído.
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Para todos so restantes sectores económicos relevantes o futuro será a strategie du poisson. Ou seja, os grandes comem os pequenos; por outras palavras, as OPAS vão estar na ordem do dia e não se espere que sejam as empresas portuguesas a ficar por cima: não existe massa crítica para intentar qualquer acção; existe muita fragilidade para que se tornem apetecíveis ao exterior, leia-se Espanha. Porquê o interesse espanhol ? Porque Portugal e Espanha, em conjunto, significam um mercado superior ao francês e, na lógica da dimensão dos mercados, este é um dado fundamental.
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Não existe solução ?
Uma solução exacta não existe, mas pode-se falar de aproximações à solução, capazes de melhorar e dimiuir, fortemente, a tendência actual. O problema é a crescente falta de tempo.
Os parceirso indicados para as empresas portuguesas na sua estratégia de internacionalização são, preferencialmente, parceiros financeiros, quaisquer que sejam, tenham a origem que tiverem. Estes parceiros não têm know-how, não pretendem implementar ou lutar por modelos de gestão, preocupando-se, essencialmente, com os resultados. A dimensão é um óbice, neste caso, porque o parceiro financeiro só estará disponível até um certo ponto de envolvimento, mas aí terá de entrar a capacidade de montagem de operações com vários agentes, em simultâneo ou temporalmente desfasados. Desta política faz parte, igualmente, a capacidade de alienar activos hipervalorizados para enfrentar novos desafios, com amior capacidade de alavancagem financeira e tecnológica, garantindo as parcerias financeiras, sempre acompanhadas de parceiros locais.
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Posto isto, fica claro que o mercado europeu é para esuqecder, por parte das empresas portuguesas. O esforço de investimento é incomportável, face às expectativas temporais de retorno do investimento efectuado.
Assim, há que olhar o Atlantico como ponto de partida para a escolha dos mercados a operar, não significando este olhar, um prender da retina exclusivamente em África e no Brasil, mercados apetecíveis mas perigosos, cada um à sua maneira.
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Sendo assim, o prof. Ernani Lopes tinha razão quando afirmava que fazer parcerias com empresas espanholas para explorar territórios de língua portuguesa é, garantidamente, muito bem visto e apreciado pelas empresas espanholas.

21.9.06

Esta noite na SIC NOTÍCIAS....

O apresentador e 4 representantes do Compromisso Portugal. Intenção: debater e explicar as propostas saídas do segundo encontro do movimento.
Para além do referido apresentador estavam em estúdio um advogado, um administrador do BES, o presidente do BES Investimentos e o presidente da Vodafone Portugal. Quatro ilustres representantes do sector terciário da economia, aquele onde se geram as mais-valias.
Onde estavam representantes do sector primário e secundário ? Onde estavam os representantes dos sectores onde é gerado o valor acrescentado da economia, ou por outras palavras, onde é gerada a sua verdadeira riqueza ?
E o presidente do BES Investimentos afirmava que o País tem conhecido uma espiral de empobrecimento nos últimos anos. Nem poderia ser de outra forma.
Se só os serviços marcam presença na nossa economia ( o sector primário morreu há muito e o secundário está moribundo), sendo estes por definição razão directa da libertação de meios humanos e materiais da agricultura e da indústria (os tais primário e secundário, respectivamente) não é de estranhar que o País definhe.
Um exemplo ? Milhões de telemóveis em Portugal ( a maior taxa de utilização na Europa), com média superior a um telemóvel por cidadão nacional e a eterna questão: como é que se paga ? Com que fundos ?

Sempre a asneirar....num compromisso pessoal

De vez em quando, é preciso dizê-lo, as amarras ideológicas de que padece o socialismo e os partidos que assim se nomeiam, tornam-se instrumentos positivos na sempre difícil relação economia/social.
A proposta do Compromisso Portugal de reformar ou despedir, compulsivamente, 200.000 funcionários públicos só é possível por parte de quem pensa no seu umbigo e nos seus interesses, falando de barriga cheia, depois de realizarem proveitos ao longo dos anos que ainda há pouco tempo, se lhes dissessem, lhes pareceria mentira, sonho irrealizável.
Despedir 200.000 almas é condená-las, sem apelo nem agravo, a uma miséria garantida e a curto prazo. Mas os portugueses há muito que deixaram de contar para o poder que se instalou na esfera económica (alguma, muita, que não toda) e na esfera política (principalmente numa determinada corrente monetarista que tem feito escola no PSD).
Assim, embora tudo o que o PS faça fuja à lógica da razão, sempre existe a excepção que confirma aquela regra.
Existe um compromisso, de facto, mas não é com Portugal: é um compromisso pessoal.
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20.9.06

O branqueamento político de um político reformado...

O que terá dado a Fátima Campos Ferreira para branquear um "morto" político no seu programa Prós e Contras ?
O que terá dado a Pacheco Pereira para aceitar afrontar um "morto" político, em directo e na televisão ? Necessidade de protagonismo ? Sentir-se morto políticamente e apanhar a boleia ? A boleia de um "morto" ? Não faz sentido. Révanche ? Não acredito....
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Mas atenção: o político "morto" já não aguenta uma campanha de meses mas está para lavar e durar num programa de horas. E Pacheco Pereira que o diga, ciente que ficou dessa realidade.
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Só não percebo a Fátima. Já sabia que o "morto" era capaz de aguentar umas horas, para mais perante um erudito de tertúlia (nada desprestigiante, bem pelo contrário).
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Assim nunca mais se faz história. Ou melhor, faz-se, mas só noutras condições....

Hoje basta um F

Primeiro os jogos de futebol, em crescendo de transmissões televisivas. Depois o Apito Dourado e, por fim, o caso Mateus.
Ou como o futebol tem servido nos últimos anos para desviar as atenções do que é verdadeiramente importante.

Fraco Compromisso com Portugal

O Compromisso Portugal é um embuste: porque está cheio de empresários que não são empreendedores; de empresários que já o foram e já não o são; de oportunistas políticos, económicos e fracos gestores; porque a maioria dos seus membros vive directa e exclusivamente de vencimentos e participação nos resultados das empresas onde desempenham funções, tendo em vista o lucro como fim único e não como a remuneração justa do risco do capital investido.
Porque o capital não lhes pertence; porque fazem parte de uma geração de gestores que está a chegar ao fim, nos pressupostos de funcionamento institucional formal e informal (vidé caso dos EUA, onde o modelo está em transformação).
Porque não entendem que o lucro, sendo remuneração, só é aceitável até certo ponto; que ultrapassado esse ponto de remuneração (maior ou menor consoante o risco de capital investido e a necessidade de investimento intensivo, dando-se dois exemplos para simplificar a compreensão e alcance do que se afirma, entre muitos outros possíveis) o capital terá de ter, forçosamente, uma função social.
....
Afirma agora o denominado Compromisso Portugal que o Estado deverá diminuir a sua intervenção na economia, propondo a privatização de uma série de serviços e indústrias que, tradicionalmente, terão de ter, sempre, uma parte importante de controlo por parte do Estado.
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Porque o Estado somos todos nós; porque os transportes públicos, como outros serviços de interesse público, não podem existir numa óptica pura e dura de obtenção de lucros; porque a energia é vital e deverá ter sempre a possibilidade de ser controlada, em parte, por todos nós - o Estado.
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O Compromisso Portugal aproveita a hora para fazer valer os mesmos argumentos que são utilizados para fechar maternidades e escolas: a redução de custos do Estado. O Estado está a errar nestes pressupostos, desvalorizando o interior e contribuindo para uma ainda maior desertificação do País.
O Compromisso Portugal, ao fazê-lo, está a prestar um mau serviço ao País e mostra, claramente que o compromisso, a existir, é com o capital e os que dão a cara por este movimento e, nunca, com Portugal.

18.9.06



















Neil Faulkner Posted by Picasa

A INÚTIL DISCUSSÃO QUE SÓ DIVIDE E ENFRAQUECE....

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Para o Islão, a norma não faz sentido. Não existe uma sociedade suficientemnete organizada no presente e com futuro visível que justifique um sistema normativo elaborado. No Islão respeita-se e vive-se para o dogma. Só este justifica as vicissitudes de uma vida difícil; só o dogma serve de base e sustentáculo à estrita observância da sobrevivência diária.
A razão da vida tem um único propósito: servir o Profeta.
Acaso se as leis de Deus permitissem o auto-sacrifício, algum de nós estaria disposto a cumpri-lo se o mesmo não se encontrasse regulado por um conjunto de normas, usos e costumes ?
A resposta clara é Não!
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Então o que dizer da intervenção de Bento XVI, senão que constata o óbvio ?
Houve tempos em que os católicos, em nome da sua fé fizeram a guerra aos infiéis, leia-se os árabes. Nesse tempo as razões que inquietaram os espíritos ocidentais cultos e instruídos foi a facilçidade com que a palavra do profeta incitava à morte, ao ódio, em total discordância com a doutrina cristã.
Hoje essa discordância acentuou-se, porque não só se assiste a um recrudescimento do dogmatismo religioso nos países árabes, como pelo lado ocidental, se processou um arrefecimento das convicções religiosas ao longo dos últimos 3 séculos.
A unidade é necessária, agora mais do que nunca - o Irão não parou o seu programa nuclear e isto começa a asemelhar-se, para pior, com a invasão da Checoslováquia e a passividade europeia de então - para colocar um travão no crescimento exacerbado da utilização da religião, no recrutamento de um número cada vez maior de seguidores capazes de empreender o que para eles significa, de facto, uma guerra santa.
Bento XVI, em última instância, quis-nos dizer: evitem atropelos, evitem confrontos mas mantenham-se unidos.
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Na realidade de pouco valerá a uns quantos iluminados auto-designarem-se de laicos: para o mundo islâmico não são devotos a Maomé, então são infiéis.
E depois esta discussão não difere em nada dos famosos cartoons, ou como diria um amigo, do vinco das calças. Porque quando queremos discutir e verberar, tudo serve.

26.7.06

INFERNO II


















Leslie Worth Posted by Picasa

INACEITÁVEL !

É uma pena que em Portugal os factos, grandes ou pequenos, se saibam a conta-gotas, retirando-lhes dimensão de conjunto. É uma das situações em que a visão da floresta seria bem mais esclarecedora que a visão de cada uma das árvores per si.
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As dúvidas, contudo, mesmo que a conta-gotas, vão-se dissipando, mesmo para aqueles que teimam em não querer ver.
É já hoje difícil não perceber, ou melhor, não entender o porquê da laxidão que tem acompanhado a vida política nacional desde o longínquo ano (paradoxalmente cada vez mais próximo, na razão directa das funestas consequências que, em crescendo, se fazem sentir na vida económica e social do País) de 1974.
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É fácil perceber os silêncios pesados em relação a uma enormidade de matérias, transversal a todas as forças políticas e muitos órgãos de informação.
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É fácil proferir discursos de aperto de cinto, culpabilizar a despesa pública portuguesa (com todas as suas idiossincrasias, que a tornam muitíssimo rígida, o mesmo é dizer, de difícil redução), aumentar impostos, alterar cálculo de taxas e reduzir limites de rendimentos isentos de impostos a todos os que trabalham, no duro, dizendo-lhes, em simultâneo, que o estado-previdência está perto da falência e que dificilmente se poderão garantir pensões de reforma (na sua maioria miserentas), num espaço temporal de 15 a 20 anos.
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É uma pena verificarmos, depois, que de Norte a Sul dos partidos políticos, todos sem excepção, se têm norteado por políticas de compadrio que favorecem directa e descaradamente os seus membros. Todos nos admirámos - porque todas estas situações andam escondidas de há anos - da política de reformas do Banco de Portugal.
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Somos confrontados, agora, com a política de descontos da RDP, empresa pública, que gasta dinheiro público, ou seja, o nosso dinheiro.
E todos nos perguntamos: como é possível que alguém trabalhe 4 ou 5 meses numa entidade pública, seja requisitado para a Assembleia da República para exercer funções de deputado e continue a desfrutar de descontos mensais para a segurança social, como se estivesse no activo. Para que serve a figura da licença sem vencimento ? Não servia, bem sei. Na função pública tem um limite de dez anos.
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Podem dizer-me que a decisão é da entidade patronal, a RDP, ao que eu respondo: NÃO!
A decisão não pode ser da RDP porque esta utiliza dinheiros públicos, utiliza o meu dinheiro e o seu. Não é livre de fazer o que lhe aprouver. E se fosse uma entidade privada: poderia, ou seria aceitável ? Poder, podia. Mas não deixaria de ser caso de polícia, pelo menos até se apurar porque razão um deputado da Nação teria gozado de um tamanho privilégio por parte de uma empresa ou entidade privada.
Ficaria sempre a dúvida, que teria de ser esclarecida: teria havido algum tipo de favorecimento ?
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No caso da RDP o favorecimento é claro: é de índole política, dura desde o 25 de Abril de 1974 e pretende garantir, a este e todos os outros bandidos que se têm aproveitado, com desfaçatez, da promiscuidade entre os interesses pessoais e privados e a coisa pública, a independência financeira, uma velhice confortável e despreocupada. É pena fazerem-no à custa de todos os outros - muitos, mas muitos mais - que têm e terão velhices de miséria.
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E queria Alegre ser Presidente da República.
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Falta de vergonha têm muita, honra não têm nenhuma.
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E é ainda bom rapaz: cumpre a lei que limita a pensão a 1/3. Se não existisse a lei recebia a totalidade. Coisa que irá acontecer daqui a uns anos, em acumulação com a reforma de deputado e, porventura, outras mais, a menos que algo de bom aconteça neste País e as coisas se modifiquem.
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Podem começar por os enviar a todos de volta para Argel - os que lá estiveram e, todos os outros, que não tendo lá estado já fizeram por o merecer.

18.7.06

A repetição das supostas razões....

As palavras políticas mantêm-se inalteradas. Por um lado questiona-se a vontade de um Primeiro-Ministro (PM) em provocar uma vaga de fundo (como agora soi dizer-se) na política nacional, com a eterna dúvida se o partido a que pertence (PS) o permitirá: é a tal história dos dois PS´s.
Por outro lado, um Presidente da República que parece capaz de se entender com o Governo e o PM, salientando-se, neste preciso momento do discurso político, se não se tratará da única vontade de fazer dois mandatos, agindo então claramente no segundo (cínico e hipócrita), ao bom estilo soarista.

Este é o discurso que se repete há uns bons 24 anos.
Para os políticos e analistas políticos este é o discurso que serve às mil maravilhas: estamos no reino da conspiração, da vontade coertada, do querer mas não poder, da infinita capacidade de desculpabilizar, que atravessa a sociedade portuguesa.

Para todos nós, portugueses, a questão coloca-se noutro patamar: são ou não capazes de resolver os problemas que irão atravessar duas gerações de portugueses ?
Não importam as desculpas, os jogos de gabinetes ou, mesmo, as notas de pé de página da crítica política. Ou resolvem ou não, ponto!

Que ninguém procure desculpas.
Aquando de qualquer discussão sobre a capacidade política para fazer face aos desafios que se colocam, a dúvida, como em tudo mais na vida, constitui-se sempre em certeza, pelo que a atitude coerente a tomar, perante a dúvida (desculpa duvidosa) deverá ser, sempre, a de repudiar esta, afirmando claramente o descontentamento e contribuindo, decisivamente, para o desfazer da dúvida, ou noutras palavras, para a mudança.




















Malevich Posted by Picasa

17.7.06

Tertúlia

«Talvez que esse excesso de procura e consciencialização nos afastasse humanamente uns dos outros.

Literatos num sentido polemizante, ficava-nos pouco tempo para reparar no semelhante que vivia ao lado. E eu espantava-me de não ser capaz de encontrar entre aqueles companheiros de inconformismo e de ilusão um amigo, que me desse tanto gosto de ver de vez em quando como o Alvarenga.

Bons camaradas quase todos, tinham, contudo, os defeitos das próprias virtudes.

Intelectualizados da cabeça aos pés, mal tocavam a realidade. Eram platónicos no amor, teóricos no desporto, metafísicos no convívio. A convicção de serem únicos distanciava-os do vulgo, tornando-os incapazes dum contacto permanente com as forças rasteiras da natureza.»

Miguel Torga


Jasper Johns

Desafios ganhos nos últimos 32 anos ? Quais ?

O último grande desafio que Portugal venceu dista já 33 anos; a crise petrolífera de 1973.
Daí para cá perdeu todos os desafios que se colocou e, ademais, deixou passar outros tantos pelos quais nem lutou.

A (i)lógica sindical...

Quando os sindicatos incentivam, através dos delegados que os representam, os trabalhadores a agirem através de formas de luta lesivas dos seus interesses, podemos e devemos questionar o papel dos sindicatos e quais os verdadeiros interesses que os movem.

Se perante o encerramento eminente de uma fábrica, os sindicatos reagem levando a paralizações totais do processo produtivo pergunta-se: qual o objectivo em mente ?
Se o objectivo passa por chamar a atenção do patronato, então a acção desencadeia a ira e a redução das margens negociais e de boa vontade.
Se o objectivo é a retaliação, as posições estremam-se ainda mais, facilitando o fim do diálogo.

Para que a acção sindical pudesse ser positiva e merecedora de encómios, necessário se tornaria que os trabalhadores sindicalizados, mais do que tomada de consciência de classe, fossem capazes de discernir claramente entre conjuntura e os seus próprios interesses, tornando os delegados sindicais em correias transmissoras da vontade dos sindicalizados.
Assim não sendo, os sindicatos tranformam-se, com enorme facilidade, em órgãos de instrumentalização dos trabalhadores e os delegados nas suas consciências, deixando na mão de meia dúzia o destino de muitos milhares.

E, se um dia, os sindicatos de vários países constituirem pactos de entendimento, com redistribuição de riqueza entre eles, tornando-se em enormes máquinas de poder e decisão ?
Com saberemos, nesse dia, quais os interesses que estarão a ser defendidos ?
União ? União Europeia ? Porque não: União Para o Entendimento dos Sindicatos da União Europeia ? Estranho, sem dúvida, mas plausível, na lógica do enriquecimento de uns e da crescente pobreza dos outros; na lógica das conotações políticas, das famílias políticas, dos interesses políticos e projectos pessoais de poder.