David Cameron não está sob fogo no Reino Unido.
O Tratado de Lisboa (que nem sequer considero ter sido eficaz, na forma e no conteúdo) pretendeu ultrapassar a impossibilidade de levar mais longe (ainda, se possível) através de uma Constituição Europeia, o suposto processo criador de uma entidade própria. Como agora se verifica, essa entidade própria nunca foi o verdadeiro objectivo, por impossibilidade completa, mas uma tentativa de um Directório fazer o que normalmente faz: ditar ordens e garantir obediência.
Cada espaço político e social tem as suas idiossincrasias, necessitando de medidas pontuais e específicas face aos problemas encontrados, sob pena do sistema começar a promover desigualdades e injustiças, reflexas num mau aproveitamento dos recursos locais e, subjugando à lógica dos mais fortes, o interesse dos mais fracos.
Não se trata de concentrar cada vez mais poder em entidades políticas cada vez maiores, mas sim de organizar as compatibilidades, de preparar as convergencias, de difundir as mudanças.
O tão propalado acordo inter-governos (a 26) pretende escamotear todas estas razões.
No Tratado de Lisboa ficou impresso o "Reforço dos parlamentos nacionais" e " Mais garantias para os Estados e maior flexibilidade".
O acordo inter-governamental agora previsto, pretende ultrapassar o "mau" Tratado de Lisboa, impondo, em jeito de coupe d´etat, uma Constituição na União Europeia, sem que se chame Constituição e sem que as populações sejam auscultadas; pretende-se, assim, que em nome das terríficas consequências da queda do euro (ainda não quantificadas nem explicadas convincentemente), se abocanhe esta Europa de uma só vez, a uma só voz, a alemã, com um Petain a jeito.
Analisando o gráfico acima, verifica-se que o Reino Unido (RU) apresenta crescimento do seu PIB, mesmo que residual. Os 0,5% de crescimento no 3º trimestre de 2001 devem-se aos sectores da produção e serviços, não obstante uma quebra percentual semelhante na construção civil.
Por outro lado, de acordo com o gráfico de baixo, fica claro que há uma proximidade entre o comportamento do PIB dos EUA e do RU, o que afasta a premissa que o RU ficaria, inexoravelmente, afastado do interesse orbital dos EUA, no que concerne à importância económica (que nunca geo-política estratégica).
Também é possível compara realidades de distinta maneira: a importância dos PIB de diferentes países e zonas, realçando a dimensão do PIB da zona euro (ZE), comparativamente com o PIB alemão e o do RU e, ainda, com o dos EUA.
Verifica-se a importância do PIB alemão na ZE, a proximidade entre o PIB alemão, o chinês e o britânico, bem como o do EUA e o da ZE.
Questões fundamentais quando se fala em repartir poder, economia e finanças.
Há crescimento da dívida pública, que se situa actualmente nos 64% do PIB. Pergunta: 64% de dívida, relativamente ao PIB é preocupante para a dimensão britânica? Resposta pronta: NÃO.
Os britânicos já passaram por situações bem piores do que a actual. O que sempre os defendeu foi serem donos do seu destino e poderem assumir, sem necessidade de aprovações prévias de terceiros, as melhores opções económicas e financeiras para o reino. Actualmente, com um défice pouco superior a 60% do PIB, quem ousará admitir que necessitem de regulação externa, ainda por cima imposta por alemães ?
Que voltem a tentar pelo ar e pelo mar, que por papel não vão lá.
Os liberais que atirem o RU para eleições: os Tories ganham com maioria absoluta. Por isso mesmo não o fazem; falam, nada mais. E por cá compra-se, porque se quer vender compadrio e porque somos um conjunto confuso de comadres assustadas.
God bless UK.