Os maus da fita, hoje, são os países que não respeitaram o défice, que gastaram o que não podiam, os que não produzem. Por tanto, terão de ser responsabilizados e pagar a factura. O primeiro a preparar-se para fazer face ao custo é a Grécia.
Mas será que todos os males são devidos a estes malandros que, ao contrário da formiga, agiram como a cigarra?
Não creio.
Por pontos: a política do BCE tem sido direccionada, unicamente, para o controle da inflação na zona euro. Na ultima reunião, onde deveria ter baixado a taxa de juro de referência, optou por a manter. Esta política de manutenção da inflação faria sentido, se acaso estivessemos em fase de crescimento económico, porque uma inflação controlada tem os seus efeitos positivos. Mas não, não estamos. Pelo contrário, vivemos tempos de recessão económica, onde a questão inflacionista não se coloca.
Esta constatação conduz-nos a outra: e se tivessemos a nossa própria moeda, o escudo?
Imagine-se o Reino Unido (RU): não concedeu espaço ao euro e manteve a Libra. Acaso se fala na dívida pública inglesa, pelo menos ao nível do que se fala e especula sobre os países da zona euro? Não. Porquê? Porque o RU pode emitir moeda através do seu Banco Central.
Dir-me-ão: cunhagem de moeda conduz a inflação. Respondo: e é grave? Nem de perto, porque em clima de recessão económica nem acredito que a cunhagem de moeda gerasse qualquer tipo de inflação que se visse.
E no espaço euro? Os países perderam a capacidade de cunhar moeda porque perderam a moeda. Quando surgiram os primeiros problemas, derivados da crise financeira internacional, o BCE virou costas aos países do euro e os países viram-se na necessidade de se financiar internamente, através das instituições financeiras locais, que por seu turno se endividaram externamente. Os países endividaram-se também externamente, por ser impossível financiarem-se só internamente, mas entretanto esgotaram o sistema financeiro local.
Onde entra o BCE (Banco Central Europeu) neste imbróglio? O papel do BCE, desde o início da crise, foi marcado pela incompetência. Porquê? Porque ao substituir-se as moedas locais por uma moeda única, os países necessitavam de um Banco Central que agisse de acordo com as necessidades das economias. Como se constata, financiar as várias economias, atempadamente, teria evitado a exaustão do sistema financeiro dos países da zona euro. Por outras palavras, sendo necessário injectar liquidez, o BCE deveria ter comprado dívida aos países, libertando as instituições financeiras locais dessa responsabilidade. Mas não o fez.
Nas duas últimas semanas começou a fazê-lo, mas tardiamente. Mesmo assim, foi criticado e travado por interesses vários e conhecidos. mas como afirmo, já o fez tardiamente, quando já se encontravam esgotadas todas as soluções.
Agora, não resta outro caminho se não continuar a alimentar as várias economias, com a espanhola e italiana à cabeça. É possível? Não creio. Por estas razões, acredito que o sistema económico, como o conhecemos, está por semanas.
Os tempos que se aproximam são uma incógnita, para a Europa e para o Mundo, mas o fim da União Europeia e do euro está próximo.
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