Tanta cosmética orçamental leva, inapelavelmente, à descridibilização da governação, das contas públicas e, por arrasto, à descridibilização de toda a economia nacional.
Como acreditar num único número, se as jogadas contábeis são tão evidentes: o recurso a receitas extraordinárias tornou-se uma prática comum, como se fosse possível fazer depender (des)equilíbrios orçamentais constituídos por receitas ordinárias, através do recurso sistemático a receitas extraordinárias; por definição estas esgotam-se no momento em que são utilizadas. Mas há pior: utilizar incorporação de fundos de pensões preenche lacunas orçamentais e financia o estado, mas constituem-se elas próprias em dívida do estado; ou por outras palavras, tapam agora para ficarem a descoberto logo a seguir. O registo de dívida futura aumenta, não diminui nem se mantem, juntando-se a toda a restante dívida constituída, por exemplo, com as parcerias público-privadas e com obras como as SCUT - quando Guterres inventou esta semantica, houve quem alertasse para os custos futuros mas, uma vez mais, ouvidos de mercador e pensamento nos votos, suportados pela demagogia deste PS e desta esquerda.
Desta forma é fácil perceber porque razão, aos custos anuais de um estado gordo e sem moral (clique aqui e experimente fazer uma pesquisa simples, como "jantares" ou "almoços", "mobiliário", entre tantas outras possíveis), se juntam uma catrefa de despesas enormíssimas que contribuem para o avolumar da despesa pública anual; acresça-se o aumento constante dos juros sobre a dívida pública e percebe-se que esta é uma espiral em crescimento acelerado.
Não há moral para exigir tantos esforços a uma população que nada tem recebido em troca, a não ser o avolumar das incertezas no futuro.
Depois, no fim, depois ainda é necessário maquilhar as contas públicas, com jogadas contabilísticas, para ir tapando o buraco enorme em que nos encontramos todos. E quando um dia já não for possível enganar mais ninguém, resta a pergunta: a quem entregar as chaves deste país ? E esse dia está próximo.
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