2.6.08

O sofisma das palavras....

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, garante que se os privados não assegurarem estabilidade “estaremos perante um caso de regulação pública”.

Já o escrevemos vezes sem conta. Perante o ambiente económico volatilizado impõe-se uma cada vez maior intervenção do estado na economia. Os modelos liberais, o "laissez-faire" económico está morto, a economia no geral moribunda. Defender liberalismos económicos é desconhecer o estado actual do mundo económico. É a subversão da política; esta não tem peso algum (o que se passa actualmente) e apanha "boleias" da permitida liberdade económica, ou por outras palavras, vai a reboque. É, claramente, uma actuação e filosofia que nada interessa à sociedade; o que importa, acima de tudo, é obter através do estado uma garantida de bem-estar, exigida pelas horas de trabalho que são roubadas ao ócio e que, muito embora remuneradas, consentem ainda uma carga fiscal afecta à remuneração, supondo a troca de vantagens sociais presentes por benefícios futuros.
Só assim se justifica o estado-previdência. Mas para tanto é necessário existir capacidade de intervenção.

O que Trichet quer dizer é simples: vamos ter de intervir junto dos agentes económicos. Chama-lhe regulação, em nome das políticas liberais tão queridas à sofisticada nomenklatura política europeia e aos interesses económicos das transnacionais, como lhe poderia chamar "paulada pública", expressão, aliás, mais adequada aos tempos que correm, não fosse volátil inimigo de estabilidade.
Façamos então algo mais, intervindo politicamente, na esperança de evitar a intervenção social.

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Apesar dos discursos e a propósito das recentes eleições no PPD/PSD, ficou claro que nenhum dos candidatos reconhece os perigosos tempos que vivemos. Acresce que em dois deles, por teimosia e por desconhecimento, a prática política acarretará (acarretaria) uma acentuação da actual deriva política, não concorrendo em nada de bom para a preocupante situação nacional. Pergunto-me: onde está o "conhecimento" no PPD/PSD ? Perdeu-se nas brumas do cavaquismo ? Onde anda a capacidade regeneradora do partido ? Como conseguirá cativar novas ideias ? Quando será assumida a coragem de se posicionar, de forma clara, politicamente à direita do PS, obrigando a uma inflexão maior do CDS/PP ? Ou será que ainda ninguém no partido percebeu que hoje, assumir posições de direita implica defender ideias de esquerda ? Para quando a certeza que o discurso político passa pela preocupação com o indivíduo, enquanto parte integrante do equilíbrio societário, promovendo a aproximação dos interesses colectivos à ganancia especuladora dos interesses particulares ?
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Se a geração de políticos no PPD/PSD e respectivas ideias políticas, gerada nos últimos trinta anos, resultou em Coelhos, o partido terá de se habituar a viver na toca durante muitos anos.
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Infelizmente, nenhum dos outros partidos, ou líderes, está melhor preparado ou coadjuvado. Temos um primeiro-ministro cansativo, gasto no discurso e sem caminho político, apoiado num partido incoerente, perdido na falta de liquidez e meios nacional e mundial que obrigam a inaugurar "serraderos" e "carpinterías" como se de grandes investimentos se tratassem. É este o Portugal moderno ? É esta a sociedade igualitária tão prometida, primeiro com a falácia dos cravos e depois com a aceitação da União Europeia ? Será ?

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