A existência de um parceiro financeiro, a CajAstur, muito embora espanhol, prefigura o parceiro ideal para a EDP - a tecnologia é portuguesa; os activos financeiros do parceiro financeiro local - por inexistência de objectivos conflituantes.
O problema com a Iberdrola coloca-se ao nível do controle operacional. Qualquer aliança internacional só é interessante para a EDP se esta detiver o controle operacional completo (leading partner). O atingir dos objectivos pressupõe saber fazer e fazer como se sabe, sendo certo que a obtenção de consensos em matéria de gestão, quando estão envolvidos parceiros tecnológicos é muito difícil de obter, senão impossível, por cada um querer fazer à sua maneira.
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Quando o mercado europeu é liberalizado em 2000, a estratégia de diversificação de negócios da EDP sofre uma inflexão, passando o mercado europeu, em particular o espanhol, a assumir contornos de grande importância na estratégia de diversificação de mercados. Para além do mais Espanha pode ser considerada como uma extensão do mercado natural da EDP.
A tendência actual é verdadeiramente essa: a criação de mercados regionais europeus de energia.
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No futuro mercado europeu deverão existir sómente 5 players, a saber: 1 francês; 1 italiano; 1 espanhol e 2 alemães. A questão coloca-se então, caso não haja retrocesso no aprofundamento económico da UE, em esperar para ver quais as famílias que se criam e, posteriormente, juntar a EDP a uma das famílias criadas dentro da lógica do mercado europeu.
Retirar protagonismo à EDP, neste momento, é retirar-lhe veleidades de poder escolher, subjugando-a de imediato a interesses espanhóis e reduzindo-lhe a expressão e posição negociais para perto do zero.
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Acresce que a Iberdrola aparece como parceira da EDP por iniciativa do accionista Estado, que tem demonstrado uma inusitada veia interventiva ao nível da gestão (evidenciada por demais no consulado de Pina Moura), , ao invés do papel de agente regulador que lhe caberia que nem uma luva e que seria o seu papel natural.
Por outro lado não é menos de estranhar que a parceria com a Iberdrola seja defendida por um ministro à altura, que se vem a verificar posterior e públicamente tratar-se do braço armado da empresa espanhola em Portugal. É claro o conflito de interesses e nada clara a política de gestão estratégica para a EDP.
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A substituição da actual administração, que demonstrou ter ideias claras e de defesa dos interesses nacionais, olhados na perspectiva do tabuleiro estratégico energético europeu só nos poderá deixar apreensivos quanto às verdadeiras razões da sua substituição e dos interesses que estão em jogo.
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Cúm raio. Pelo menos deixem-nos perceber como vai a economia europeia nos próximos anos; se a tendência de criação de famílias energéticas é um facto e, por fim, qual dessas famílias se torna mais interessante para a nossa EDP. Estar a casar a empresa, sem dote, com um parceiro espanhol só poderá interessar a este, em ganhos de posição no mercado e de masssa crítica para as futuras negociações e alianças energéticas na Europa.
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Ou será que esta parceria é tão boa, como era a outra que se preparava para ser estabelecida entre a TAP e a Swissair? A segunda já falíu, a primeira ainda mexe, mas parece que alguém se preparava para tentar salvar a segunda através da hipoteca do futuro da primeira.
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Há 30 anos que nos andamos a hipotecar para fazer jeitos a terceiros, sejam eles privados ou institucionais. Eu digo que chega, que já considero demais!
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