20.1.06

Que os candidatos se danem...

O tempo de elucidar e esclarecer acabou.
No fim fica uma enorme sensação de frustração. Não ouvi um único candidato pronunciar-se sobre a OTA ou o TGV, despesismos desnecessários num País pobre, que além de esgotarem recursos fundamentais se constituirão numa enorme dor de cabeça ao nível dos custos de manutenção. Tudo isto num País que já viveu uma tragédia como a de Entre-Os-Rios e que, posteriormente, empreendeu obras de manutenção na ponte sobre o Tejo, ficando todos a saber que a ponte não era alvo de cuidados de manutenção desde 1974.
Não ouvi um único candidato esclarecer claramente qual a sua posição em relação a dois projectos megalómanos, que não trarão nenhuma vantagem acrescida ao País, sugarão importantes recursos e ficarão como pesada herança para as gerações vindouras. Projectos que vão de encontro aos interesses espanhóis, que não são própriamente os nossos. Projectos que equivalem a adjudicações públicas de muitos milhões, que alimentarão a gula de muitos, fazendo a fortuna de alguns e consolidando a de outros, através de mecanismos corruptivos.
Investir no País não gera proveitos imorais. Investir em infra-estruturas capitaliza interesses privados à custa do interesses público.
Nãoouvi um único candidato dizer fosse o que fosse a esse propósito.
O que eu esperava, de qualquer um dos candidatos ou mesmo de todos, era que se tivessem pronunciado sobre projectos que têm tanto de polémicos e desmesuradamente dispendiosos como de disparatados, para um País que está de tanga. Que tivessem a coragem de dizer que eram contra ou a favor. Que dissessem, claramente, que sendo contra (fosse esse o caso) não hesitariam em demitir o primeiro-ministro e dissolver a A. da República, caso o executivo insistisse na sua prossecução, tudo em nome dos mais altos interesses nacionais.
Não houvi nem irei ouvir, porque todos os candidatos estão comprometidos com o aparelho nacional, o conluio político existente entre as principais forças políticas nacionais, através dos dirigentes políticos que temos. E também porque ninguém tem ideias. Procurem-se ideias no discurso de Cavaco, de Alegre ou de Soares. No de Jerónimo, de Louçã ou mesmo de Garcia Pereira. É o vazio, dramático, de uma clivagem crescente entre a execução de cargos políticos e a capacidade e inteligência de quem executa as funções. É o sinal do fim dos tempos a ausência de ideias .
Nenhum candidato presta, nenhum serve. Ninguém está à altura de assumir um compromisso com Portugal

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