Imagino o que se esteja já a escrever e a dizer a propósito das declarações de PSL. Acresce o aproveitamento político que as candidaturas de esquerda não deixaram de fazer das palavras proferidas pelo enfant terrible do PPD/PSD.
Revanchismo será o mínimo que se escutará. E até pode ser que sim, que tenha sido por révanche ou pela necessidade imperiosa de aparecer, de falar, de ser polémico. Dêem um caixote de fruta para onde possa subir e uma qualquer praça do País a PSL e ele faz um comício, cheio de gente arrebatada no final.
Pedro Santana Lopes (PSL) é assim.
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Mas também não deixa de ser verdade que Cavaco Silva tem dito que se candidata para mudar as coisas, para ajudar o executivo, para ajudar Portugal a ultrapassar a crise. Só não se percebe como, sendo os poderes do Presidente de alguma forma exíguos. Claro que Cavaco Silva ainda se lembra de Mário Soares, de como este lhe fez a vida negra, como reiteradamente emperrou a acção governativa.
Não acredito que esse seja o caminho escolhido para exercer a presidência por parte de Cavaco Silva nem o seu estilo. Mas não sendo esse o estilo e não indo igualmente de encontro à capacidade de dissolução da Assembleia da República, mais que não seja por manifesta ausência de legitimidade democrática, não se percebe que muito mais poderá Cavaco Silva fazer face a um executivo socialista.
Aqui Santana Lopes parece querer aludir, nas entrelinhas, à boa e à má moeda, aos políticos que prometem mas são incapazes de cumprir, ou cumprindo acarretam, forçosamente, problemas para a estabilidade governativa do País, o mesmo é dizer, problemas ao nível económico, político e social. É uma bicada, provávelmente merecida, porque Cavaco Silva quis capitalizar votos e promover o distanciamento do PSD usando Santana Lopes para custear as despesas.
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Mais! Quando falamos de Cavaco e Sócrates falamos de dois galos e cada um à sua maneira não deixará de tentar impôr a sua presença, ou melhor omnipresença, a todos os portugueses, tudo indiciando focos de potenciais guerras institucionais.
Mas não acredito na tese dos conflitos institucionais e, como tal, não subscrevo as afirmações de PSL - muito embora concorde que as afirmações de Cavaco Silva, em campanha, possam conduzir a leituras de potenciais situações conflituais.
Creio que na pior das hipóteses assistiremos a guerrilhas e golpitos palacianos, mas nada do outro mundo, ou pelo menos que não se tenha passado já no nosso mundo político-institucional.
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Afirmava eu que não acredito nesse pressuposto, no confronto institucional aberto e a base de sustentação dessa presunção tem tão de simples como de verdadeira: caso Cavaco Silva seja eleito no dia 22, vai querer fazer os dois mandatos e, mutatis mutantis, se quiser ser "enxertado num corno" para com um primeiro-ministro sê-lo-á no seu segundo mandato. Também aí Cavaco Silva terá aprendido com Soares e mais recentemente com Sampaio.
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A menos que PSL estivesse a pensar nesse 2º mandato; assim sendo e para ter razão, deveria ter esperado 5 anos para proferir as mesmíssimas afirmações.
Ou então a intenção de Santana Lopes era mesmo dar a bicada e para dar uma bicada, esta bicada, políticamente era esta a altura.
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