Os militares aguardaram pacientemente pelo doutíssimo (sem ponta de ironia) parecer do Tribunal Administrativo de Lisboa para conhecerem o destino da manifestação agendada para hoje terça-feira 13 de Setembro, depois de a terem visto recusada pelo Governo Civil e pelo Governo. Acataram as indicações do tribunal e reuniram-se em local privado.
Não se contesta o facto e até se concorda em absoluto que as forças militares e militarizadas não gozem dos mesmos direitos reivindicativos, na forma que não no conteúdo, da população civil. Os deveres são diferentes, as responsabilidades também. Um funcionário público ou um qualquer trabalhador por conta de outrém não jura bandeira quando inicia o exercício das suas funções.
O juramento de Bandeira implica um comprometimento perante a Nação e a Nação não se discute. Somos mesmo contra a existência de sindicatos nas forças militarizadas e igualmente contra as manifestações que têm sido levadas a cabo. Contudo importa destacar que a importância e imagem para o País da PSP é uma e a imagem das Forças Armadas é outra, com um claro peso de responsabilidade e reconhecimento da população a recair sobre esta última.
As Forças Armadas são o último bastião da Pátria.
Não se compreende, contudo, que devendo as Forças Armadas assumir um papel de recato nas suas reivindicações usando para o efeito os canais competentes, Estados-Maiores, para fazer chegar aos ouvidos da classe política dirigente as suas necessidades, mal-estares e anseios, que idêntico procedimento não tenha sido seguido em 1973 e 1974.
Ademais, encontrando-se o País em guerra com movimentos terroristas no Ultramar e sabendo-se como as situações de conflito armado servem às mil maravilhas para a progressão rápida nas carreiras militares, menos se compreende que os militares de carreira de então tenham preferido reivindicar pelas armas, através de um golpe de estado e ferindo de morte o juramento de bandeira que todos tinham proferido, uma questão de vencimentos e progressão nas carreiras quando se sentiram tapados e em pé de igualdade com os oficiais milicianos e não através do diálogo com o poder ou mesmo, tratando-se de situaçao insanável, requerido autorização para se manifestarem públicamente.
O resultado teria sido o mesmo; a proibição, mas todos nós teríamos tido oportunidade de perceber como se iria comportar o 3º Plano de Fomento, que tão boa conta de si deu no início, em 1973 quando eclodíu a crise do petróleo, colocando Portugal a crescer a 7,3% ao ano, contra cerca de 3% da restante Europa e isto sem quaisquer fundos vindos de Bruxelas.
Por via dessa imensa reivindicação salarial conhecida como 25 de Abril, ficámos todos mais pobres. Entregues à Europa, mais concretamente a Espanha, entregues a forças políticas minadas por políticos viciados na sedução do poder, na sua maioria impreparados para o exercício de cargos públicos pela incapacidade que demonstraram, durante trinta anos, em separar o interesse nacional dos interesses particulares e, verificamos agora também, a Forças Armadas a quem retiraram a sua única capacidade reivindicativa, a revolução, mostrando a classe política ter aprendido com a 1ª República ao diminuir militar e socialmente a sociedade castrense.
Não se infira destas palavras qualquer defesa de uma nova revolução assinada pelos militares portugueses. Contudo, tampouco se pode fazer orelhas moucas às súplicas constantes coincidentes num único sentido: a incapacidade do povo português de se fazer ouvir e dizer basta a tanta pouca vergonha, a um tão grande delapidar do património nacional, da sua economia e da crescente degradação das condições de vida nos planos económico e social.
Se os militares estão proibidos e bem de se manifestarem, tal proibição não é aplicável ao comum do cidadão.
Que venha então todo o povo para a rua, sem excepção, gritar bem alto a sua indignação pela condução da vida política e conómica do País aos gritos de VIVA PORTUGAL!
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