SONETO
Pára-me de repente o pensamento
Como se de repente refreado
Na doida correria em que levado
Anda em busca da paz do esquecimento
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica, e demora-se um momento.
Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, e se demora.
E mergulha na noite escura e fria
Um olhar de aço, que nessa noite explora.
Mas a espora da dor seu flanco estria,
E ele galga e prossegue sob a espora...
(Ângelo de Lima )
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