3.12.04

Ou o Défice ou o Crescimento Económico

O PEC aponta para duas preocupações fundamentais : coordenação das políticas orçamentais (gestão do euro. Limitador de tendências laxistas de países menos desenvolvidos - caso de Portugal) e crescimento (aproximação aos EUA e Ásia, através da inovação e competitividade).
No caso de Portugal - e até por que a França e Alemanha já incumpriram nos limites fixados para o défice orçamental - é de todo despropositado que se tenha como obectivo único e a roçar o fanatismo, o cumprimento do limite de 3% para o défice, ainda mais quando o objectivo é atingido sistemáticamente pela realização de receitas extraordinárias, que por definição são irrepetíveis.
A recuperação do crescimento económico assume-se como dramático. Os indicadores de crescimento portugueses afastam-se irremediávelmente da média europeia - 2001 UE15 1,7 Portugal 1,5; 2002 UE15 1,1 Portugal 0,4; 2003 UE15 0,8 Portugal -0,8; 2004 UE15 1,5 Portugal 0,5; 2005 UE15 2,0 Portugal 0,8.
Tendo em atenção os números, enveredar pela continuidade do contole do défice orçamental ( para Portugal 2001 -4,2; 2002 -2,7; 2003 -2,9; 2004 -3,2; 2005 -4,0 ) deixará de ser uma questão de fanatismo puro para se tornar decididamente num caso de fanatismo suicidário.
São necessárias taxas de crescimento superiores à média europeia e, para tanto, necessário se torna desenvolver todos os esforços no sentido de incrementar fortemente o investimento interno e externo, de apoiar as empresas nos processos de internacionalização, de alargar a base produtiva da economia nacional.
Investir e promover investimento não significa enveredar pelo despesismo ( este só será assim considerado se fôr não produtivo e, óbviamente, deve merecer um controle muito apertado ) mas sim afirmar plenamentre que as reformas estruturais de que o País tanto carece só se conseguem obter em ambiente dinâmico e não em ambiente recessivo.
Basta pararmos para pensar quantas vezes dizemos por dia que o País vai mal, que o desemprego aumenta, que as empresas fecham, que a economia estagnou, que o comércio está falido........e não é necessário saber de economia para se perceber tudo isto. A crise chegou à rua.
Tecnocratas monetaristas como M. Ferreira Leite e A. Cavaco Silva são de todo desnecessários. Não têm visão estratégica de longo prazo. Bom, não têm visão de todo, porque de curto prazo todos temos.

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