13.12.05

Uma fagulha na campanha...

Palavras interditas é isso mesmo: dizer o que por norma se esconde.
Não se faz a apologia da violência verbal, muito menos física, mas quem anda à chuva arrisca-se a apanhar uma molha. Se acaso o incidente de Barcelos com Soares não foi encenado (não seria a primeira vez) temos que é claro que ele representa, acima de tudo, uma história por fazer do Portugal recente e que só será possível quando os principais protagonistas políticos desaparecerem. É a certeza da impunidade, os louvores e honrarias prestados a determinadas figuras políticas que poderão pesar no desespero de quem, por amor pátrio se ressente.
Só nos falta, ao fim de trinta anos, dobrar a bandeira nacional e entregar a mesma aos nossos vizinhos espanhóis. Pouco mais nos resta na realidade, e a responsabilidade recai por inteiro em todos os partidos políticos e respectivos dirigentes nos últimos trinta anos. Os mesmos que mantêm hoje o protagonismo e impedem a História de se fazer e, acima de tudo, a renovação política dramáticamente necessária.
A abordagem de que Soares foi alvo (se não foi encenada, acentua-se) foi verbalmente violenta sem dúvida, mas é criticável?
Cremos que não. Os candidatos quando procuram banhos de multidão sujeitam-se ao bom e ao mau. Talvez tenham de mudar de hábitos, conforme a situação nacional se vai degradando ao nível social e económico. A paciência tem limites e a dignidade, existindo, não é permissiva.
Talvez que aquele cidadão de Barcelos tenha ainda presente o dia em que Soares pisou a bandeira nacional; tenha bem presente as mordomias de que goza e tem gozado, algumas excedendo mesmo os direitos fixados para os ex-detentores de determinados cargos públicos.
Talvez aquele cidadão tenha pensado como é possível ter-se tanto sem nada fazer e outros, com uma vida de trabalho, só têm um horizonte de miséria pela frente.
Todos os candidatos se solidariezaram com Soares.
Compreende-se que todos eles sem excepção o façam, não vá o diabo tece-las.

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